Luanda - Desorganização, falta de eficiência, aglomeração dos candidatos, relatos de extorsão e corrupção marcaram a primeira semana de inscrições para o concurso público, de ingresso, promovido pelo Governo Provincial de Luanda (GPL) para o provimento de duas mil e 39 vagas.
Os candidatos afirmam que, desnecessariamente, foram criadas três filas, a primeira para colocar o nome numa lista, que não se justifica, a segunda para entrar e a terceira para entregar os documentos, e para ultrapassar estas três fases têm que se madrugar.
António Carlos, de 26 anos, em declarações à ANGOP, disse que tentou inscrever-se no município da Quiçama, que tem 275 vagas, mas não conseguiu, porque apesar de ter chegado cedo e ter o nome na lista desde segunda-feira não foi chamado.
“É uma desorganização fora de serie. Os meus colegas pagaram dois ou três mil Kwanzas e conseguiram entregar os documentos. Parece-me que escolheram um “modelo apropriado” para tirar dinheiro do cidadão. Constatei que por via normais este país não anda”, desabafou o jovem.
A candidata Suzana da Conceição Tumba que fez a inscrição na administração distrital do Camama, município de Talatona, disse estar confiante em conseguir o primeiro emprego.
A jovem Luísa Indira, moradora no Benfica, candidatou-se para a vaga de técnico superior de segunda classe e mostrou-se agastada pelo facto de durante o processo não estarem a ser respeitadas as medidas de biossegurança, nem existir a preocupação de tornar o processo célere.
“ Não se entende que no processo de inscrição existam as fases de listagem, preenchimento da ficha de inscrição e a entrega dos documentos, quando este processo pode ser feito via online”, reclamou a jovem candidata.
“ Para mim qualquer uma das categorias serve. Estou a tentar, está difícil. Uma fila enorme só para colocar o nome na lista, mesmo chegando antes das seis horas da manhã”, disse o jovem Armando da Costa, que tenta a sorte na escola primária Calandula no KK-500, no município de Belas.
Já no município de Cacuaco foram inscritos dois mil e 800 candidatos, para 239 de vagas, segundo o director municipal da comunicação social, Ernesto Miúdo.
A candidata Ermelinda dos Santos, que preencheu a ficha em Cacuaco, disse que teve de chegar às 4 horas e 30 minutos para ser atendida, aguardando agora a fase de selecção.
Por sua vez, o jovem António Marcelino, candidato para a vaga de técnico médio de terceira classe, sugere que a organização use as plataformas digitais para evitar longas filas e a disseminação da Covid-19 no acto de inscrição.
O município de Icolo e Bengo recebeu, na primeira semana de inscrição, dez mil candidaturas para 251 vagas, segundo o director municipal dos Recursos Humanos, José Pedro Serafim.
De acordo com o responsável, foram criados quatro pontos de inscrição no município, nomeadamente nas escolas metodistas Gaspar de Almeida e do ensino primário e Iºciclo, em Catete, as restantes nas centralidades do 44 e Zango 5000, no distrito de Bela Vista
O jovem Juelmo Rodrigues, de 18 anos, que concorre à categoria de auxiliar administrativo, sente-se expectante em conseguir uma vaga, enquanto José Novato, de 21 anos, disse que aguarda ansioso pelos testes e espera fazer bem a prova para ser empregado.
O concurso público 2021, do Governo Provincial de Luanda (GPL), aberto no dia 15 deste mês, de acordo com o director dos Recursos Humanos do GPL e presidente do corpo de júri, Moisés David Milagre, é resultado das vagas de reformas, falecimentos, transferências, rescisão pessoal de contrato e promoção.
As vagas existentes nos oito municípios são para técnicos de base, médio e superior de segunda e terceira classes, escriturário dactilógrafo, motorista de pesados e ligeiro, auxiliar administrativo e de limpeza, operário qualificado e não qualificado.