Malanje- Autoridades governamentais, políticas, sociedade civil e população em geral renderam hoje, nesta cidade, a última homenagem ao Soberano do Reino do Ndongo, Buba Nvula Dala Mana “Rei Cabombo”, falecido dia 8 deste mês, no município de Marimba, vítima de doença.
O velório decorreu no campo de jogos Valódia, local onde foram lidas várias mensagens, entre as quais a da família do malogrado, do Governo Provincial, do MPLA, família Tucker, Ministério da Cultura e Turismo, ASSAT, Deputados, entre outras, nas quais foram destacadas as qualidades do Rei, seguido da assinatura do livro de condolências.
Presenciaram a cerimónia, o ministro da Administração do Território, Dionísio da Fonseca, o governador Provincial, Marcos Nhunga, representantes dos governos províncias, assim como majestades dos reis do Congo, Bailundo, soba grande do Uíge, soba Muachissengue, o substituto da rainha Nhakatolo, entre outras.
A urna contendo os restos mortais de sua Majestade seguiu esta tarde para o município de Marimba, concretamente na localidade de Cabombo, onde será realizada uma outra cerimónia formal da entrega oficial do corpo por parte do governo aos membros da corte real, que assumirão restritamente os rituais de entronização.
De acordo com o porta-voz das exéquias, Veloso Dala, em Cabombo, local onde está a Corte Real, será realizada uma cerimónia tradicional restrita onde se cumprirá um ritual para a entronização às 19 horas de hoje, do novo Rei.
“Há uma selecção dos membros da corte que farão parte do ritual de entronização e haverá uma outra selecção para aqueles que poderão chegar até ao local do sepultamento”, explicou.
Precisou que na localidade de Buba, município de Massango, o governo construiu um jazigo onde vão repousar os restos mortais do Soberano.
Sepultamento restrito acontece à meia-noite de sábado
À meia-noite deste sábado acontecerá o sepultamento do Rei, na localidade de Buba, município de Massango, cuja cerimónia estará reservada ao poder tradicional, para cumprimento dos rituais.
O membro de direcção do Reino do Ndongo, soba Balito Florentino, aclarou que o acto fúnebre será restrito, tendo em conta que envolve muitos procedimentos tradicionais, daí a razão da sua realização à meia-noite.
Disse haver procedimentos que devem ser tidos em conta, no caso do malogrado, as suas pulseiras serão colocadas por cima da urna, e o seu substituto deverá pousar as suas mãos sobre a caixa para que cada uma das pulseiras entre automaticamente nos seus braços.
“Caso não entrem, é porque o candidato proposto não foi aceite”, explicou o soba, tendo acrescentando que a população só tomará conhecimento do enterro do Rei após quatro dias, princípio este que não deve ser violado, sob pena de criar desgraças no seio da comunidade.
Morte do Rei deixa o Ndongo entristecido
O secretário-geral do Reino do Ndongo, Moisés Dalamana, disse que a morte do Rei Cabombo deixou a região enlutada, porquanto sempre defendeu o princípio de unidade, formação dos jovens e tinha a comunicação como um factor de estabilidade.
“O reino do Ndongo estava fechado, mas sua Majestade conseguiu abrir, embora não na dimensão que se desejava, mas, os projectos continuam, só pretendemos que o seu sucessor trilhe o mesmo caminho”, concluiu.
Nascido a 1 de Janeiro de 1922, no município de Massango, Nvula Dalamana foi o 44° Rei do Ndongo, com o título de Rei Ngola Kiluanje Kya Samba.
Durante o seu reinado, orientou e designou, com apoio da “Corte Real”, os guardiões que cuidam dos túmulos dos ancestrais Ngola Kiluanje e Rainha Nginga Mbande, sepultados na aldeia de Muculo-a-Ngola, no município de Marimba, a 210 quilómetros a Norte da cidade de Malanje.
O rei deixa sete mulheres, 45 filhos e 150 netos. PBC