Ramiros - A existência do cemitério da Ilha do Mussulo, erguido no município de Talatona, pode causar a proliferação de doenças contagiosas, como a tuberculose, advertiram esta quinta-feira especialistas ambientais.
Segundo os especialistas, com aquele cemitério, encerrado há mais de dez anos, podem surgir também casos de diarreia, hepatite B e C, além de problemas da pele.
Em declarações à ANGOP, a ambientalista Helenice Macedo Gomes defendeu que naquela ilha não deveria existir um cemitério, porque, apesar de estar encerrado, os corpos ali enterrados podem provocar a contaminação da água e do solo.
"É necessário que as autoridades façam um estudo aprofundado, para averiguarem se os corpos enterrados não estão a afectar a saúde dos habitantes", disse.
Já o especialista em saúde pública Edisom Arantes disse que nas ilhas do Mussulo e da Cazanga o terreno é húmido e, em função disso, a decomposição dos corpos é muito lenta.
Defendeu a transladação dos corpos, para se evitar a poluição ambiental no lençol freático.
Por sua vez, o ancião Joáo Manuel, residente no Mussulo há mais de 50 anos, explicou que, com o encerramento do cemitério, são obrigadas a atravessar com os cadáveres uma distância de oito milhas (quase 14 km) até ao embarcadouro, de onde seguem para Luanda.
Dados indicam que, mensalmente, são realizados dois a três funerais, principalmente no cemitério do Benfica, município de Talatona.
Além do cemitério local, com mais de 200 corpos, existem outros enterrados nos arredores de residências dos habitantes do Mussulo.
A administração local tem apoiado as famílias vulneráveis, disponibilizando barcos para fazer a travessia, urna e espaço em cemitérios em outras localidades.
A comuna do Mussulo tem uma extensão de 45 quilómetros quadrados e uma população estimada em 12 mil e 600 habitantes. Conta com os bairros Ponta da Barra, Contra Costa da Ponta da barra, Macoco, Cambaxi, Mussulo Mussulo Centro, Contra Costa Mussulo Centro.