Falta de energia eléctrica atrasa desenvolvimento de Caimbambo

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  • Benguela     Sexta, 16 Junho De 2023    11h54  
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Administrador municipal de Caimbambo, José Ferreira
Administrador municipal de Caimbambo, José Ferreira
António Lourenço-ANGOP
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Vista parcial da sede municipal de Caimbambo
Vista parcial da sede municipal de Caimbambo
António Lourenço-ANGOP

Caimbambo – A falta de energia eléctrica da rede nacional está a condicionar o investimento privado no município do Caimbambo (Benguela) e consequentemente o seu desenvolvimento, afirmou o administrador local, José Ferreira.

Terra de citrinos, tal é a abundância na produção de laranjas, limões e tangerinas, que outrora abasteciam as fábricas de refrigerantes em Benguela e no Lobito, o Caimbambo, com mais de 120 mil habitantes, depende do fornecimento de grupos geradores, um obstáculo ao seu progresso.

Entretanto, essa situação parece ter agora os dias contados, porque o Governo Provincial de Benguela projecta a instalação de uma linha de transporte de energia da barragem hidroeléctrica do Lomaum, no município do Cubal, para acabar com a letargia de anos em Caimbambo.

José Ferreira confirmou esta sexta-feira, em entrevista à ANGOP, que as autoridades estão a trabalhar para que seja concretizada essa linha de transporte de energia eléctrica desde a central do Lomaum.

Se, por um lado, admite que o Caimbambo é um dos municípios mais atrasados de Benguela em termos de desenvolvimento, por outro lado, acredita que um megawatt de energia, no mínimo, vindo de Lomaum, deve satisfazer as necessidades de consumo do casco urbano, das povoações e comunas.

“Não só estou a falar da distribuição para o sector doméstico e serviços administrativos, como o hospital, mas também falo concretamente da energia que possa galvanizar o sector agropecuário”, destaca o responsável.

Apontando o fraco investimento nas infra-estruturas, no tempo colonial, e a guerra como dois factores por detrás do lento progresso da terra dos citrinos, José Ferreira acredita que, com a energia do Lomaum, mais barata e limpa, o município vai desenvolver-se a um ritmo diferente.

Em seu entender, além de gerar o bem-estar para as famílias, a electricidade irá também atrair os investidores interessados no progresso de Caimbambo, apostando nomeadamente na agricultura e pecuária.

E gaba-se de como Caimbambo é forte na criação de gado bovino, por causa do seu clima semidesértico favorável para o fomento da pecuária, mas também no cultivo de cereais, com destaque para a massambala e o massango.

Investimento estratégico

José Ferreira considera estratégico o projecto da linha de transmissão do Lomaum a favor dos municípios do Cubal, Ganda e Caimbambo, pois terá impacto no desenvolvimento do sector primário da economia.

“Se queremos combater o êxodo das populações das zonas rurais para os grandes centros populacionais, temos que continuar a investir nestas zonas”, acentuou.

Nas estimativas do administrador, aumentando-se a oferta de energia, muitos cidadãos poderão apostar na agricultura e pecuária de forma científica, deixando para trás as técnicas rudimentares.

“Com poucas cabeças de gado, podemos explorar os produtos derivados, como leite, manteiga e queijo, criando infra-estruturas que geram emprego e serviços”, diz ele, referindo que o investimento no sector primário da economia fará com que as populações voltem ao campo.

Hoje em dia, aproximadamente 70 mil habitantes no casco urbano da sede municipal de Caimbambo beneficiam de energia eléctrica, em regime de restrições, das 18 às 6 horas da manhã, por via dos grupos geradores que garantem uma produção de 600 KVA.

Visto que o município tem uma população acima dos 120 mil habitantes, distribuídos pela sede municipal e por três comunas – Catengue, Cayave e Wiyamgombe, a fonte reconhece que a cobertura não satisfaz as necessidades, pelo que o abastecimento é feito apenas de noite.  

Ainda assim, o responsável afiança que o quadro do fornecimento de energia vai melhorar, assim que for feita a ligação com a linha de transporte prevista a partir da barragem de Lomaum.

“A produção não é a mais desejada, mas temos feito a distribuição de forma pontual a um número muito reduzido de consumidores. É um dos handicaps para o desenvolvimento do município”, admite.

O administrador não tem dúvidas de que a energia gera desenvolvimento, porque ajuda a captar mais investimentos e, por conseguinte, a instalação de mais empresas de prestação de serviços.

E questiona-se: “Como ele vai prestar serviços ao domicílio se a condição de energia não é boa?”.

Sem energia, José Ferreira avisa que dificilmente conseguirá captar investidores, por exemplo, para a instalação de uma panificadora.

Referiu que o Executivo já tem consciência disso e o governador provincial de Benguela, Luís Nunes, anunciou a construção da linha de transporte para o Cubal e a Ganda, abrangendo Caimbambo.

Avisa que não se pode falar de diversificação da economia se não apostarmos no sector da energia.

“Preciso de até um megawatt… Já estou a incluir o sector produtivo. Nós temos o sector da agricultura praticamente paralisado aqui no nosso município”, avança.

Com a energia do Lomaum e quiçá de outras fontes, como Laúca e Cambambe incluindo as centrais fotovoltaicas do Biópio e Baía Farta, visto que Caimbambo estará conectado à rede nacional, será possível mudar o cenário actual e satisfazer a demanda.

Daí estar José Ferreira optimista de que os ventos do progresso – que já começam a soprar na província de Benguela - não passarão despercebidos aos munícipes de Caimbambo. JH/CRB

 





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