Cuito - Pelo menos dez cadáveres recolhidos das vias públicas e depositados nas morgues dos hospitais da cidade do Cuito, província do Bié, são abandonados mensalmente pelos seus familiares.
A denúncia foi feita hoje, segunda-feira, pelo administrador municipal do Cuito, Abel Paulo, quando intervinha na II Reunião Ordinária do Conselho Provincial das Comunidades (CAC).
Segundo o responsável, 60% dos cadáveres recolhidos da via pública até agora não foram reclamados pelos seus familiares.
Explicou que os funerais dos corpos abandonados ficam sob responsabilidade da Administração Municipal do Bié.
Fez saber que a cidade Cuito possui três morgues localizadas no Hospital Provincial do Bié, Hospital Dr. Walter Strangway e no Centro de Acolhimento de Terceira Idade “Elavo Lyomuenho”, respectivamente, sem, no entanto, ter sido avançada a capacidade de cada.
Em 2019, lembrou, 18 corpos recolhidos da via pública foram levados para os hospitais do Cuito, sendo que mais de 60% dos mesmos não foram reclamados, daí ter lançado um apelo para os munícipes ajudarem a combater esse fenómeno.
Informou que a recolha dos corpos cadavéricos tem o apoio dos Serviços de Investigação Criminal (SIC) e do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.
Já o governador provincial do Bié, Pereira Alfredo, ao reagir sobre este assunto, confirmou ser recorrente, nos últimos tempos, “muitos corpos” serem achados na via pública e colocados nas morgues dos hospitais.
Disse que os funerais dos corpos abandonados causam prejuízos aos cofres Estado.
Depois de lamentar a atitude negativa das famílias, o governador exortou às igrejas, autoridades tradicionais e associações cívicas a intervirem na consciencialização da população, para melhorarem a conduta social da população.
Ressaltou que tal situação leva as unidades sanitárias a ficarem quase sem espaços, pelo que a Administração Municipal do Cuito tem de assumir os funerais dessas pessoas e com a agravante da dificuldade encontrada para o registo dos processos dos respectivos óbitos.