Benguela – Centenas de fiéis da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, “Os Tocoístas”, na província de Benguela, celebraram, este domingo, o 106º aniversário natalício do profeta Simão Gonçalves Toco “Mayomona”.
O culto de acção de graças, para celebrar os 106 anos do líder fundador dos Tocoístas, foi realizado na sua sede provisória, no bairro do Quioxe, arredores da cidade de Benguela, onde os fiéis cantaram e dançaram Nkembo, uma das grandes manifestações do movimento messiânico fundado por Simão Toco.
Em declarações à ANGOP, o pastor Celestino Kangela, representante provincial de Benguela da Igreja Tocoísta, disse que o dia 24 de Fevereiro de 1918, data do nascimento do profeta Simão Gonçalves Toco, tem um significado especial não só para a Igreja, como para África e o mundo, em geral.
Para o reverendo, que falava à margem do culto de acção de graças, o nascimento do profeta “Mayomona” devia significar para toda a África e para o mundo sofredor a presença do ungido de Deus, para cumprir uma missão cristã contra a subjugação dos povos.
Segundo o pastor, o fundador do movimento, conhecido como Tocoísmo, tinha como missão primordial a libertação e a restauração da esperança dos povos africanos que ao longo de cinco séculos viveram sob dominação colonial.
“Essa missão é de seguir o amor de Cristo como fonte de alegria para os nossos corações, dar vida e também irmandade entre nós”, destacou o representante provincial dos Tocoístas em Benguela.
Mayomona o líder fundador
O Profeta Simão Gonçalves Toco "Mayomona” nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1918, na localidade de Sadi-Zulumongo, aldeia de Ntaia, Maquela do Zombo, província do Uíge. Morreu a 31 de Dezembro de 1983, em Luanda.
Recebeu o nome kikongo Mayomona, após frequentar o ensino primário na Missão Baptista de Kibocolo. Concluiu os estudos no Liceu Salvador Correia de Luanda.
Reza a história do Tocoismo que em 17 de Abril de 1935 ocorreu em Catete a Teofania, ou seja, o encontro de Simão Toco com Deus, simbolizando a unção da sua missão cristã, que viria a chamar-se Tocoísmo, um movimento de luta contra a opressão e anúncio do renascimento da Igreja de Cristo em África, predito pelos profetas Kimpa Vita e Simão Kimbangu.
Em 1942, o fundador do Tocoísmo decide partir para Léopoldville (Congo Belga) para colaborar com a Missão local e dirigir um coro musical conhecido como Coro de Kibocolo.
Em 1946, foi convidado, com outros dois angolanos, Gaspar de Almeida e Jessé Chipenda Chiúla, para intervir nos trabalhos da Conferência Missionária Internacional Protestante, realizada de 15 a 21 de Julho, na localidade de Kaliná, em Léopoldville.
Em 1949, Simão Gonçalves Toco e muitos dos seus seguidores foram presos pelas autoridades belgas, sob a acusação de alterarem a ordem pública.
Em Janeiro de 1950, foram deportados do Congo Belga e entregues, no posto fronteiriço de Nóqui (província do Zaire), às autoridades portuguesas.
Foi enviado ao Namibe e posteriormente deportado, durante 11 anos, para os Açores, Portugal. Regressa a Angola em 1974 e estabelece conversações com os líderes dos três movimentos de libertação de Angola (FNLA, MPLA e UNITA). JH/CRB