Gabela – A vila da Gabela, sede do município do Amboim (Cuanza Sul), assinala hoje, seis de Junho, o 60º aniversário desde que foi elevada à categoria de cidade, com sinais de desenvolvimento social e económico, o que permite aos munícipes manter a esperança de dias melhores.
Dados oficiais referem que os primeiros colonos portugueses se instalaram na região em 28 de Agosto de 1907 e atribuíram à vila o nome de N'Guebela.
Em 1917, a vila foi transformada em capital da "Capitania-mor do Amboim", não passando então de uma simples fortaleza, com razoáveis condições de defesa contra possíveis investidas das populações locais, habitada unicamente por forças militares e comerciantes com suas famílias.
Contudo, foi a seis de Junho de 1962, à luz da Portaria Nº3.254, ainda durante a vigência do sistema colonial, que a vila ascendeu à categoria de cidade.
Por outro lado, o conflito armado que assolou o país inviabilizou o desenvolvimento da cidade, devido à destruição das principais infra-estruturas, entre as quais as indústrias de plástico e de descasque de café, as fábricas de refrigerantes, entre outras unidades.
A destruição em 1983 da linha de alta tensão da Gabela, a partir da barragem de Cambambe, agravou ainda mais a situação da vila, que ficou privada do fornecimento de energia eléctrica durante anos.
Requalificação “a tábua” de salvação
Entretanto, nos últimos anos, a urbe tem conhecido um desenvolvimento em todos os sectores, fruto dos esforços implementados pelo Executivo, sobretudo no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e do Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza, em prol do bem-estar das populações.
O administrador municipal do Amboim, Eliseu Segunda, encara o programa de requalificação da vila como um desafio para o nascimento de uma cidade moderna.
Em declarações à ANGOP, o responsável reconheceu que o sector socioeconómico ganhou um novo impulso com as obras de construção e reabilitação de escolas, centros de saúde, estradas, entre outras infra-estruturas.
Eliseu Segunda assegurou que as autoridades locais estão comprometidas em garantir o desenvolvimento da urbe e proporcionar aos seus habitantes um futuro melhor.
“Estamos a trabalhar no sentido da cidade voltar a ser um local aprazível para os habitantes e turistas e isso só é possível se todos participarem", salientou.
Realçou que a Gabela dispõe de dois hospitais de referência, sendo um na cidade e outro na localidade da Boa Entrada, assim como seis centros de saúde.
No sector da educação, a urbe conta com escolas do I e do II ciclos do ensino secundário, bem como um magistério primário.
Este ano foi instalado o núcleo do Instituto Superior Politécnico de Porto-Amboim, o que permite que os habitantes estudem sem terem de se deslocar a outros municípios.
Fez saber que a circunscrição está bem servida em relação à energia eléctrica, após a construção da subestação de transformação, a partir da Barragem de Cambambe.
Com o fornecimento de energia eléctrica estabilizado, acentuou, a cidade tem condições para relançar a indústria e outros sectores.
Tendo em conta a localização geográfica da Gabela, a administração municipal pretende relançar a rede hoteleira, por forma a alavancar a economia da região.
“Temos um défice de hotéis e a cidade precisa crescer neste domínio, pois as potencialidades turísticas que possui podem atrair muitos visitantes. Estamos abertos a todos que queiram investir, tendo em conta que muitas fazendas possuem sítios de lazer, com residências para acolher turistas que pretendem conhecer a região”, frisou.
Por outro lado, reconheceu que os habitantes do município ainda enfrentam muitas dificuldades no acesso à água potável.
Contudo, fez saber que a cidade vai registar, nos próximos dias, melhorias significativas no abastecimento do precioso líquido, com a substituição do actual sistema de captação, tratamento e distribuição, que foi concebido apenas para cinco mil habitantes.
“O novo sistema de distribuição de água, já aprovado, destina-se a 120 mil habitantes, portanto vamos ultrapassar este problema brevemente”, reforçou.
Esperança num futuro melhor
Habitantes da Gabela olham com optimismo o futuro da urbe, devido aos progressos registados nos últimos anos.
A munícipe Maria Augusto, residente na Gabela há mais de 40 anos, fala, com nostalgia, dos tempos áureos, mostrando-se esperançada em dias melhores.
“Temos esperança que dias melhores virão. Sou da Gabela, nasci e cresci aqui e estou em crer que com os esforços do nosso Executivo e com a nossa colaboração vamos desenvolver a nossa cidade”, referiu.
Para o funcionário público Mateus Luís, a vila será sempre lembrada pela população acolhedora que tem e pelos bons desportistas que o Clube Ara da Gabela já proporcionou ao futebol nacional e além fronteiras.
Em relação ao seu 60º aniversário, avançou que a história da circunscrição se circunscreve em dois momentos distintos, nomeadamente entre o período de guerra e os desafios da paz.
“Já estivemos no auge, mas infelizmente a guerra estragou tudo. Contudo, não cruzamos os braços e fruto disso estamos a nos erguer. Estou em crer que nos próximos cinco anos a Gabela já não será esta que temos hoje”, sublinhou.
Por sua vez, o ancião Juvenal Calandula enalteceu os esforços do Executivo em investir na localidade, projectos que têm permitido melhorar a qualidade de vida das populações.
Sob o lema “Amboim terra do café e do palmar, aberta ao investimento”, a efeméride está a ser marcada com a inauguração de infra-estruturas sociais, a realização da segunda edição da Feira do Café, actividades desportivas e espectáculos músico-culturais.