Luanda - O corpo clínico do hospital Américo Boavida confirmou, nesta quinta-feira, a morte de um dos participantes da manifestação contra o aumento do custo de vida, frustrada pela Polícia.
Trata-se do cidadão Inocêncio de Matos, de 26 anos de idade, que estava entre as centenas de jovens que protestavam, também, contra o aumento do desemprego e a não definição de uma data para a realização das autarquias.
Em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA), o chefe do turno da unidade hospitalar, Augusto Manuel, explicou que a morte se deveu a paragem respiratória irreversível resultante de um traumatismo craniano encefálico.
De acordo com o médico de serviço, o manifestante deu entrada à tarde no hospital e foi prontamente assistido, mas acabou por morrer na madrugada desta quinta-feira, quatro horas depois da intervenção cirúrgica.
Conforme o médico, o cidadão deu entrada no hospital com fratura exposta com afundamento dos ossos do crânio, aparentemente causada por um pau ou ferro.
"O jovem apresentou um ferimento provocado por um objecto contundente", explicou a fonte, que descarta, no entanto, qualquer objecto perfurante, como bala, como a causa real do traumatismo craniano.
Na quarta-feira à noite, o comandante da PN em Luanda, Eduardo Cerqueira, confirmou que um cidadão teria sido levado para o Américo Boavida, ferido, mas negou qualquer fatalidade.
A manifestação ficou marcada por confronto entre a PN e os manifestantes, que atearam fogo em pneus e usaram contentores para bloquear algumas vias na avenida Deolinda Rodrigues.
Entretanto, não ficou claro, na intervenção do médico, se se trata da mesma pessoa relatada pela autoridade policial.
Na sequência dos protestos, a Polícia Nacional cortou a circulação em várias ruas da cidade, para evitar ajuntamentos e fazer cumprir o Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, em vigor no país.
Este Decreto proíbe ajuntamentos na via pública superiores a cinco pessoas, sendo este um dos fundamentos para a proibição da manifestação.
Além desta razão, conforme o Governo de Luanda, alguns pressupostos legais, da parte dos promotores, não estavam reunidos.