Huambo – A província do Huambo está a posicionar-se para se tornar, em 2024, numa referência nacional no domínio da formação técnico-profissional, com o objectivo de garantir o futuro de milhares de jovens angolanos.
Por Aurélio Janeiro, jornalista da ANGOP
O primeiro passo para estas aspirações foi dado com a construção, nos últimos sete anos, de quatro importantes infra-estruturas nesse domínio.
Trata-se, designadamente, do Centro de Formação Profissional do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFPCFB), da Cidadela Jovem de Sucesso (CJS), do Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) e do Centro Integrado de Formação Técnico-profissional (CINFOTEC).
Estes empreendimentos, erguidos na antiga “Cidadela Académica de Angola”, têm permitido a “invasão” da província do Huambo, localizada no Planalto Central de Angola, por centenas de jovens de diversos pontos do país.
São jovens ávidos em obter formação técnico-profissional, nesta região, que quer ser, a partir de 2024, referência nacional e quiçá ao nível da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) neste domínio.
Com o mercado de trabalho um pouco mais exigente, o Executivo angolano tem apostado fortemente na formação de técnicos qualificados e capazes de ajudarem a suprir algumas lacunas em certos sectores e, ao mesmo tempo, dotá-los de capacidades para se auto-empregarem.
Cidadela Jovem de Sucesso
A Cidadela Jovem do Sucesso, inaugurada a 19 de Janeiro de 2022, no município do Bailundo (Huambo), afigura-se como a solução e o garante de um futuro promissor de centenas de jovens e adolescentes vulneráveis.
É um projecto do Executivo angolano focado na melhoria das condições de vida e garantia de um futuro promissor, através da promoção de jovens em situação de vulnerabilidade na sociedade e no mercado de trabalho.
Sob a tutela do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), a CJS tem capacidade para 220 adolescentes e jovens, dos quais 120 internos e igual número de externos.
Oferece formação nas especialidades de Serralharia, Electricidade baixa tensão, Carpintaria e de Informática, para além de produzir alimentos para auto-sustento, principalmente, dos internos.
O empreendimento é uma estratégia do Executivo angolano, que visa a qualificação de adolescentes e jovens, sobretudo, de famílias carenciadas, para responderem à necessidade do auto-emprego nas comunidades longínquas do país.
Construído numa área de oito hectares, nos arredores da vila municipal do Bailundo, com um investimento de um milhão 500 mil dólares norte-americanos, o Centro possui 22 professores, dos quais 14 do ensino geral, quatro para aulas técnicas nos laboratórios e igual número da área agrícola.
Dispõe de uma zona escolar com três salas de aula, duas oficinas de carpintaria e serralharia e dois laboratórios de informática e electricidade, para além das áreas administrativas.
Tem ainda refeitórios, balneários, campo de futebol, residência para funcionários, dois autocarros e outros equipamentos essenciais, para o normal funcionamento.
Centro de Formação Profissional do CFB
Das infra-estruturas já em funcionamento consta também o Centro de Formação Profissional do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFPCFB), inaugurado há cinco anos, com capacidade para 600 alunos.
Construído numa área de cinco mil metros quadrados, em dois edifícios principais, o Centro tem oito laboratórios nas diversas especialidades ferroviárias, uma área técnica com um simulador de condução de locomotiva, num investimento de 17 milhões de dólares norte-americanos.
O Centro de Formação Profissional da mais extensa ferrovia de Angola, que liga a cidade portuária do Lobito à fronteira leste com a República Democrática do Congo (RDC), compreende, além de salas de aula, um edifício com 28 dormitórios, para albergar 120 alunos em regime de internato e oito dormitórios para professores.
Possui uma quadra polidesportiva, laboratórios de Química, de Telecomunicações com fio e sem fio, de Sinalização, de Electrotecnia, de Mecânica, de Construção, de Opto-eletrónica e de Electro-mecânica.
Tem ainda uma biblioteca, um arquivo bibliotecário, um posto médico, um auditório, quatro salas de apoio, uma sala de reuniões e oito gabinetes de direcção.
Enquadrado no Programa de Reestruturação dos Caminhos-de-Ferro de Angola, o Centro foi igualmente concebido para receber alunos do corredor do Lobito, que compreende as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.
O empreendimento de ensino técnico-profissional prevê, também, apoiar alguns países vizinhos, entre os quais a RDC e a Zâmbia, que serão capacitados nas áreas de Maquinagem, Electricidade, Comunicação, Transporte, Logística, Assentadores de vias e Condutores, com vista a assegurar o bom funcionamento dos caminhos-de-ferro.
CEFOJOR
Com uma superfície de 80 mil metros quadrados e 19 mil de área construída, o empreendimento vai assegurar a formação nas áreas de Jornalismo, Relações Públicas, Multimédia, Cinema, Publicidade e Marketing a nível do país e da região da SADC.
É constituído por seis edifícios, um dos quais reservado ao serviço de restauração, duas quadras polidesportivas e seis residências de passagem, com as tipologias T4 e T3.
O centro está composto por 16 salas de aula, 87 dormitórios para o internamento de até 200 alunos, salas de professores, auditórios, estúdios de áudio de rádio, televisão e fotografia, biblioteca, enfermaria e digital.
Com a inauguração do centro e com a rádio local em funcionamento, em regime experimental, na frequência de 88.5 em FM, a construção do centro, considerado o maior do país e que servirá, também, para a região SADC, está orçada em 35 milhões 871 mil e 925 dólares americanos.
O centro foi erguido numa área de mais de 800 mil metros quadrados e tem capacidade para formar mais de mil quadros do sector da comunicação social por cada ciclo formativo.
As obras iniciaram-se, em Fevereiro de 2014, antes de serem interrompidas, em 2016 e 2019, por dificuldades financeiras.
CINFOTEC
O CINFOTEC, em construção num espaço de seis mil 531, 17 metros quadrados, no quadro da cooperação bilateral entre Angola e a República da China, é o segundo do país, depois do de Luanda, com um investimento acima de 30 milhões de dólares norte-americanos.
Pertencente ao Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), o centro, cuja inauguração está para breve, terá uma capacidade para 710 formandos, por turno, nos cursos de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), Electricidade e Mecatrónica, Metrologia, Mecânica e Produção.
O Centro terá uma capacidade para 38 formadores, 35 administrativos e 34 auxiliares.
Numa primeira fase, o centro tem disponíveis 450 vagas, nos cursos de Higiene e Segurança no Trabalho, Controlo de Qualidade (na área de Metrologia), Data Cabling System, Informática na Óptica de Utilizador, Fotografia e Edição Multimédia (Tecnologia de Informação e Comunicação), Electricidade Básica, Automação de Linhas de Produção, Hidráulica e Electro-hidráulica (Electricidade, Energias Renováveis e Mecatrónica).
Fazem parte, de forma inicial, os cursos de Soldadura por Electrodo Revestido, Torneamento Mecânico Convencional e Mecânica para Motores Diesel (área de Mecânica e Produção).
Os cursos, a serem subvencionados pelo Estado, terão uma carga temporária variável, entre 40 e 520 horas, sendo que os formandos não bolseiros devem fazer uma comparticipação que pode variar entre 25 e 166 mil kwanzas.
Com essas infra-estruturas, a província do Huambo tem uma oferta formativa devidamente apetrechada de equipamentos para a formação teórica e prática.
O CINFOTEC do Huambo, o mais moderno no país, será o terceiro, depois do do Talatona, inaugurado em 2008, e do Rangel, em 2017, ambos na província de Luanda.
O edifício integra três blocos, sendo dois para laboratórios e um administrativo, 36 oficinas, casa das máquinas e um campo multi-usos.
A construção destes centros visa permitir que os formandos demonstrem as suas habilidades e conquistem a confiança dos gestores das empresas, dando-lhes a oportunidade de conseguirem um posto de trabalho, para além de fomentar o auto-emprego.
A par destes, a província possui três pavilhões de artes e ofícios, quatro centros de formação técnico-profissional, cinco oficinas móveis, para além de salas anexas junto à Comarca do Cambiote, ao Centro Criança Feliz e à Aldeia de Crianças SOS.
Nestes locais, tutelados pelo Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) são ministrados, anualmente, os cursos de cozinha e pastelaria, corte costura e canalização.
A electricidade de baixa tensão e auto, a mecânica alta, a gestão e execução de obras, as instalações prediais, a fotografia, a serralharia, a carpintaria, a informática, o inglês e o francês, com a duração de três a seis meses, completam a oferta. ALH/IZ