Ondjiva - O chefe do Departamento do Instituto Nacional de Desminagem (INAD) no Cunene, Paulo Tukondjele, defendeu hoje, segunda-feira, a necessidade da criação de uma brigada conjunta entre as operadoras de desminagem da província, com vista o reforço das acções de remoção de engenhos explosivos na comuna da Môngua.
Em declarações à ANGOP, lembrou que a comuna da Môngua foi durante muitos anos palco de confrontos militares, razão pela qual ainda ocorrem vários acidentes com minas e outros engenhos explosivos.
De acordo com o responsável, do levantamento feito na Môngua, concluiu-se que existe um cordão de minas defensivo instalado pelas forças da Polícia de Guarda Fronteira (Ex-TGF), que, na altura travaram combates com os sul-africanos, mas até ao momento não foi desactivado na totalidade.
Em virtude desta situação, fez saber que, nos últimos dois anos, oito pessoas morreram de acidentes com minas anti-tanques na Môngua, sendo que o último aconteceu no domingo (21), provocando a morte de três membros da mesma família.
Para inverter o quadro, disse que o Governo da Província do Cunene e a Comissão Executiva Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH) devem conjugar esforços para a criação de condições fundamentais, para que as brigadas possam trabalhar na limpeza das áreas consideradas suspeitas.
Informou igualmente que a província dispõe de três brigadas, uma afecta às Forças Armadas Angolanas (FAA), outra à Polícia de Guarda Fronteira e a última do Instituto Nacional de Desminagem (INAD), mas que estão desprovidas de meios técnicos e logísticos, para que se efectue a desminagem na totalidade.
Para além das brigadas manuais, acrescentou ser necessário que se coloque outra mecanizada, composta por máquinas como Issuu e Atoleiros, que podem dinamizar o trabalho de desminagem nesta comuna.
O especialista defende ainda a necessidade de as autoridades administrativas criarem um plano de desalojamento da população residente nos arredores e na sede da comuna, pois o cordão de mina passa exactamente pela sede.
Declarou que o maior obstáculo do processo não é apenas desactivar as minas, mas saber onde elas estão, já que o acesso aos dados é um dos maiores problemas.
"Certamente um dos desafios será aumentar o foco nas pesquisas que não requerem pessoal técnico especializado, uma vez que podem ser feitas com equipas que trabalham em conjunto com as comunidades para localizar e desactivar minas", defendeu.
Paulo Tukondjele afirmou que a comissão vai continuar a reforçar as acções de educação sobre os riscos de minas, para impedir mortes.
Em 2021 foram detectados, removidos mil e 837 engenhos explosivos, com destaque para 1.750 munições diversas, quatro minas anti-tanque, 30 morteiros e 11 granadas.