Luanda - O Instituto de Luta contra as Drogas (INALUD) atende, em média anual, 10 mil toxicodependentes.
Dados do INALUD apontam que, entre 2017 a 2021, foram atendidos 50 mil 338 toxicodependentes.
Segundo a directora da instituição, Ana Graça, que falava à ANGOP no quadro do Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, em 2019, o Banco de Urgência do Hospital Psiquiátrico assistiu 34 mil 246 pacientes, sendo 17 mil 272 do sexo masculino e 16 mil 974 do sexo feminino.
Cinco mil e quarenta e três apresentaram-se com transtornos comportamental por uso de álcool, cannabis e outras drogas.
Em 2021, a instituição assistiu 10 mil 529 pessoas, entre consultas de internamento e ambulatório, sendo as províncias de Luanda, Huíla, Huambo e Malanje as mais afectadas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é qualquer substância não produzida pelo organismo que pode actuar sobre o sistema nervoso central, causando alterações no seu funcionamento.
Actualmente, o uso e abuso de álcool e outras drogas constituem um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo, estimando que morrem cerca de 200 mil pessoas anualmente por causa do uso de drogas ilícitas.
Em Angola, o uso abusivo das drogas está a se tornar, cada vez mais, o foco das preocupações, cujas implicações sociais, psicológicas e económicas são evidentes, razão pela qual considera-se imperioso uma compreensão global do problema que afecta, sobretudo, o maior segmento da população: os jovens.
Pesquisas recentes sobre o consumo de bebidas alcoólicas apontam que os jovens com idades entre os 15 aos 35 têm consumido mais do que outras faixas etárias.
O Censo Populacional realizado em 2014 estima que a população angolana é extremamente jovem, sendo que 51% têm menos de 15 anos de idade.
No país, segundo Ana Graça, a droga mais consumida é a cannabis (vulgo liamba), fruto do fácil cultivo e produção, seguido das bebidas alcoólicas conhecidas como capassarinho e capuca, que são de fabrico caseiro.
Luanda é apontada como a província com maior concentração de consumidores, pelo número de população jovem que nela vive.
Ana Graça garantiu que o órgão está a trabalhar nas medidas de prevenção, para a consciencialização dos indivíduos e suas famílias sobre o uso excessivo das substâncias ilícitas (bebidas alcoólicas e tabaco) e outro tipo de substâncias proibidas por lei.
Em relação ao tratamento, fez saber que o Centro de Tratamento Reabilitação e Reinserção do Bengo, apesar de não ter capacidade de responder a demanda, tem feito um serviço de qualidade para os beneficiários.
Com capacidade para 60 camas, conta com uma lista de mais de mil pacientes que, dependendo da gravidade, ficam internados no centro.
O centro actua em quatro dimensões: médica, psicológica, espiritual e social, conta com 82 técnicos, entre médicos, psiquiatras, psicólogos clínicos e membros de igrejas.
O centro usa, igualmente, chips em alguns pacientes para a redução da apetência pelo consumo de drogas.
“Trabalhamos, igualmente, com outros centros privados, porque temos consciência de que o tratamento é a melhor forma de melhorar a condição de vida destes indivíduos”, realçou.
Ana Graça explicou que as causas para o uso são várias, desde a instabilidade familiar à exclusão social e o desemprego, pelo que defende a construção de outros equipamentos sociais.
Para efeito, fez saber que pretende trabalhar com o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social para a formação e entrega de kits, após a alta.
Ana Graça acredita que uma aposta na educação, na melhor ocupação dos tempos livres dos adolescentes e jovens, bem como em outras estratégias, podem mudar o paradigma.
Em 1987 a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 26 de Junho como o Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas.
Esta data foi criada para consciencializar a população global sobre essa temática, enfatizando a necessidade de combater os problemas sociais criados pelas drogas ilícitas, além de planear acções de combate à dependência química e o tráfico de drogas.