Luanda - Numa altura em que a economia do país continua a ressentir-se da recessão, por causa da crise petrolífera de 2014 e do impacto negativo da Covid-19, centenas de jovens de Luanda depositam os seus sonhos na Academia do Empreendedor.
Por Maria João Gonçalves
Enquanto lutam por novas oportunidades ante um dos piores cenarios do mercado de emprego, com várias empresas a fecharem as portas, profissionais de vários ramos procuram renovar, nesta instituição, as suas esperanças de inclusão sócio-profissional.
Diariamente, são centenas os jovens que batem à porta da academia, na expectativa de conseguirem obter melhor aprendizado, autoconfiança e, principalmente, "afinarem" o espírito de responsabilidade profissional.
A Academia, localizada na Via Expressa, município de Talatona, foi inaugurada a 29 de Abril de 2021 e tem matriculados 598 alunos para o primeiro ciclo de formação que se iniciou no decurso deste mês de Junho.
A Academia do Empreendedor tem como prioridade os jovens com alguma iniciativa ou projecto, que enfrentam dificuldades de se estruturar, numa primeira fase.
Trata-se de uma instituição pública, cujo programa de formação inclui cursos de Gestão de Negócios de moda, Restauração, Negócios de Entretenimento e, em fase experimental, o curso de empreendedorismo.
Naquele espaço, os formandos apreendem técnicas de empreendedorismo, planeamento de negócios, marketing e gestão de operações, artes e ofícios, corte e costura, cozinha e pastelaria, cursos essenciais para quem quer ter o próprio negócio e contornar o cenário de crise e de falta de oportunidades no mercado.
A academia, procurada por milhares de jovens, tem como especialidade a formação intensiva de dois meses, que assegura um mínimo 60 a 120 horas. Prevê-se que cada curso tenha quatro a cinco horas por dia.
Entretanto, alguns cursos serão modulares e dirigidos aos interessados que queiram aperfeiçoar a área de Gestão de Negócio, mas somente no período de 20 horas.
O público alvo da Academia do Empreendedor são os adolescentes e jovens com mais de 14 anos e habilitações mínimas a 8ª classe, aptos para frequentar os domínios da matemática, ciências e artes, facilitando a constituição de sociedades de negócios individuais ou colectivas.
Segundo os empreendedores Esmeralda Nunes e Samuel Ndongala, apesar de terem dotes em cabeleira e instalação de antenas, desejam encontrar na academia um veículo para o sucesso dos seus negócios.
Por sua vez, Carlos João, que terá de esperar pelo próximo ciclo de formação, pelo facto de as inscrições já terem encerrado, diz que o empreendedorismo não é algo simples e nato do cidadão.
Conforme o jovem, o empreendedorismo é um acto que exige algumas características desenvolvidas por meio da busca de conhecimentos, ou seja, requer muito estudo sobre o assunto e troca de informações.
Já o director-geral da academia, Inocêncio das Neves, explicou à ANGOP que o atraso no arranque do primeiro ciclo, previsto para Maio, deveu-se ao afinamento de questões administrativas e pedagógicas.
Situações como a regularização da conta bancária para o pagamento das inscrições e do próprio curso, o procedimento de organização do processo interno foram os obstáculos apontados para o arranque da instituição no tempo estipulado.
Sobre a questão dos preços, o director explicou que o orçamento cabimentado não cobre os gastos exigidos para a manutenção da instituição, tendo recorrido ao mercado de formação académica para se chegar aos mesmos valores.
Esclareceu que os pagamentos podem ser feitos de várias formas, parcelados com base em cada caso, mediante análise do perfil de cada formando e o contexto particular apresentado por cada aluno.
Conquanto, isso deve ser baseado numa solicitação feita ao Conselho de Direcção.
De acordo com o responsável, a perspectiva é de que os formandos consigam olhar para as áreas específicas de maneira integrada ou de maneira modulada.
Inocêncio das Neves avançou que, para uma segunda fase, a academia terá um programa de atribuição de bolsas, mecanismos de responsabilidade social que se pretende realizar com apoio de instituições nacionais e internacionais dispostas a abraçar esta causa.
A Academia tem o objectivo de preparar os jovens para o mundo de negócios. O empreendedor que entra na instituição deve sair com expectativa de poder criar negocio que lhe vai garantir sustentabilidade.
A estrutura académica de ensino público resulta de um projecto de acolhimento masculino designado “Lar o Sol, requalificado e redimensionado.
Possui oito salas teóricas e práticas, patrimonialmente apetrechado, e conta com o apoio do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFOP) e do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A cadeira de Gestão de Negócios de moda tem as disciplinas para as áreas de designer, corte e costura, a de Restauração tem como destaque as técnicas de cozinha e confecção de alimentos, enquanto a de Negócios de entretenimento tem os cursos de gestão e organização de eventos, agenciamento de artistas, estética e beleza e novas tecnologia de informação.