Lixo inunda valas de drenagem

     Sociedade           
  • Luanda     Domingo, 22 Agosto De 2021    14h04  
Vala de drenagem na zona do Zango
Vala de drenagem na zona do Zango
Pedro Parente

Luanda - Sempre que a cidade de Luanda recebe chuva intensa, os relatos de mortes e desabamento de residências são frequentes nos seus diferentes municípios, situação que, apesar de antiga, pode ser evitada com a limpeza regular das valas de drenagem.

Todos os anos, a história repete-se e centenas de famílias sofrem na "carne" os efeitos do débil saneamento básico, ficando muitos cidadãos ao relento, dezenas de bairros intransitáveis e várias valas inoperantes, por causa do acumulado de lixo.

Na última época chuvosa, por exemplo, a capital do país assistiu a um lastimável estado técnico das valas de drenagem, que se revelaram ineficazes, estando, actualmente, muitas delas ainda em estado preocupante, quando já reiniciou a época de chuva.

Na base desse problema concorrem vários factores, sendo o mais destacado a falta de cuidados de muitos munícipes, que não se coíbem em transformar as valas de drenagem em autênticos "depósitos de lixo", prática que tem acarretado custos altos ao Estado.

Numa ronda recente, a ANGOP constatou que os munícipes depositam nas valas vários resíduos sólidos, como sucatas, animais mortos, troncos de árvores e até electrodomésticos avariados.

Outro problema das valas de drenagem, nos últimos anos, tem sido a falta de limpeza. O lixo aí depositado pelos moradores causa a inundação de casas, vias e bairros inteiros.

No entanto, os munícipes afirmam ser a forma mais fácil de se descartarem do lixo, já que, segundo os seus relatos, muitas vezes os carros de recolha não se responsabilizam pela remoção das sucatas, troco das árvores podadas ou animais domésticos mortos.

Para minimizar os estragos causados pela chuva, o Governo Provincial de Luanda (GPL) lançou, no dia 4 de Julho último, uma operação de limpeza das valas de drenagem em todos os municípios da capital angolana, com duração de 120 dias.

Munidos de bobcat blades, dois camiões basculantes e um giratório, os técnicos da Unidade Técnica de Gestão de Saneamento de Luanda (UTGSL) retiraram no primeiro dia mais de 10 toneladas de lixo na vala do rio seco, no distrito da Maianga.

O director de exploração e manutenção da UTGSL, Fernando Mbulica, afirmou que os trabalho de sensibilização nas comunidades, para persuadir as pessoas a deixarem de depositar lixo nas valas de drenagem são constantes.

Uma das mais visadas é a vala da Senado da Câmara, no município de Luanda, que começa no Hospital Américo Boa Vida passa pela Cidadela, Tourada e avança até ao Cassequel. Esta vala drena, carrega as águas da Vila Alice, Cidadela, Congolenses, Terra Nova, Bairro Popular e o bairro Mártires do Kifangondo.

O trabalho da UTGSL incide na recolha dos resíduos sólidos, em estancar ravinas das linhas de água não estruturadas, que surgem durante a época da chuva.

A acção para o impedimento do desenvolvimento das ravinas, segundo a fonte, consiste em repor o que está danificado, de modo a manter o leito da vala ou da linha da água, para que haja escoamento natural até ao ponto receptor.

Precisou que as valas que mais preocupam a UTGSL, do ponto de vista estratégico, são a do Cazenga/Cariango, Suroca, Agosmil, sobre a Bacia dos Mulenvos, Cambamba (Rio Cambamba), Kifica, Camuxiba e Cabolombo, que têm tido manutenção.

 

Cazenga

O município do Cazenga conta com uma das mais extensas valas de Luanda: o Cariango/Vala do Cazenga, que começa no mercado do Asa Branca (Cazenga), passa pelos bairros do Tala Hady, Vila Flor, Madeira, Palanca, Bairro Popular e une-se à Senado da Câmara, nas imediações do Cassequel.

A administração do município gizou um plano de limpeza das valas de drenagem para o melhoramento do curso normal das águas residuais, nos distritos urbanos, que teve início na segunda quinzena de Junho.

No distrito urbano do Tala Hadi decorrem trabalhos de manutenção das valas de drenagem, sarjetas e colectores das ruas do Cariango, acção levada a cabo pela unidade técnica municipal.

Falando à ANGOP, a administradora municipal adjunta para área técnica e infra-estrutura e serviços comunitários, Madalena Fernanda, disse que o programa consiste no desassoreamento e reperfilamento da vala do Cazenga/Cariango(Tala-Hadi), vala do Leito Coto(Kima-Kieza), bem como da do Soroca (Hoji ya Henda).

Pensando já no presente período chuvoso e para evitar a inundação das casas e ruas, disse estarem a ser perfiladas as principais valas de drenagem na municipalidade, permitindo que o curso da água seja feito na normalidade.

Fez saber que os trabalhos devem durar dois meses, por défice de meios, e tem contado com a colaboração de outras instituições, com destaque para a ENCIBE, em parceria com a área técnica da administração municipal.

Para a empreitada, foi utilizada uma máquina giratória de braço longo, dado a natureza das valas e camiões basculantes para o transporte dos resíduos ao aterro sanitário.

Kilamba Kiaxi

O problema do mau estado das valas existe em praticamente todos os municípios.

O município do Kilamba Kiaxi conta com uma vala, que tem início nas imediações do Cassequel do Imbondeiro, resultado da união entre a vala da Senado da Câmara e a vala do Cariango, e vai até ao Golfe.

Esta vala de drenagem, que corta o Golf 2, tem início no município de Viana, passa pelo Calemba 2, Sapú, Golf 1, Cassequel, Rocha Pinto e Samba, e tem como principal função transportar águas da chuva até ao mar.

A outra começa nas imediações do Camama, passa pelo Hospital Divina Providência,  até ao Golfe, drenando parte das águas do Camama, Palanca, Golfe I e II, arredores do Cassequel do Imbondeiro, Bairro malangino, Catinton, vila da Gamek e vila flor.

Entretanto, à semelhança de outras localidades, as valas de drenagem que passam pelo município do Kilamba Kiaxi, em direcção ao bairro Cassequel, na Maianga, continuam  a servir de depósito de lixo, feito pelos moradores da circunscrição.

Outro problema verificado durante o percurso é o estreitamento da vala, causado pela alta vegetação que cresce ao longo de quase todo canal, bem como o entulho de obras depositado na vala, como pedras e areia.

A existência de casas, “coladas” às valas de drenagem, constitui perigo para as famílias, que, além da dificuldade para proceder à limpeza, têm as casas em risco de desabar.

Segundo o morador João da Costa, as valas que deviam somente escoar as águas acabam por servir de incubadora de muitas doenças, com destaque para a malária, doenças diarreicas e reprodução de moscas.

Talatona

No Talatona, as valas de drenagem do Dangereux  e da Ponte Molhada, os trabalhos de manutenção fazem parte do programa de saneamento local.  

Estas encontram-se secas e totalmente limpas, devido o trabalho de sensibilização feito pelas autoridades local, a administração de Talatona.

Situação diferente verifica-se na vala do Karmoteiro, que aguarda por intervenção depois do desabamento da laje em consequência das últimas chuvas. Esta continua com algum lixo “por teimosia da população”.

A principal vala do município do Talatona começa no Camama, passa pelo Gamek , seguindo  pelo Nova Vida e o Talatona, desaguando no Oceano Atlântico.

As águas desta drenam os bairros do Chimbicato e Iraque, os bairros nas imediações do projecto Nova Vida, Talatona e parte do Quifica.

Viana 

 Por sua vez, Viana tem um território maioritariamente plano, "sem escapatórias para as águas na época chuvosa e não tem muitas valas de drenagem, razão que levou à construção de várias bacias, dizem os técnicos.  

A vala mais conhecida de Viana é a do zango, “a vala da morte”, que parte do zango 4 e vai até a via expresso em direcção ao município de Cacuaco.

Com vários quilómetros de extensão, esta vala também serve de depósito de lixo dos moradores, de cooperativas de recolha de resíduos sólidos e de grandes superfícies comerciais.

Em tempo de chuva, a vala transborda e inúmeras vezes os munícipes e até mesmo viaturas acabam por cair na vala, causando várias mortes.

 





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