Lixo "invade" periferia de Luanda

     Sociedade           
  • Luanda     Domingo, 17 Janeiro De 2021    21h05  
Um contentor a transbordar de lixo na Rua António Barroso, Maianga
Um contentor a transbordar de lixo na Rua António Barroso, Maianga
Tarcísio Vilela

Luanda – A capital angolana, com mais de sete milhões de habitantes, regista, nos últimos dias, aumento considerável de resíduos sólidos (lixo) em algumas ruas da periferia da cidade, causando constrangimentos aos moradores.

A província de Luanda produz, diariamente, pelo menos seis mil 800 toneladas de resíduos sólidos, que eram recolhidos, até 2020, por seis operadoras de limpeza.

Essas empresas, que tinham capacidade de recolha de apenas 60 por cento do lixo produzido na capital, perderam as suas licenças, em decorrência da suspensão dos contratos públicos, pelas autoridades do Governo Provincial de Luanda.

Nos últimos meses, a recolha de lixo é feita com regularidade em algumas zonas da província, em particular nas avenidas e estradas nacionais e estruturantes, mas o acúmulo de lixo ainda é notório nos municípios mais populosos, como o de Viana.  

A ANGOP constatou, na semana finda, que o lixo é recolhido diariamente nas avenidas Deolinda Rodrigues, Revolução de Outubro, Ho Chi Min e 21 de Janeiro, bem como nas Estradas Nacionais 100 e 230, algumas vezes mais cedo e noutras ao fim do dia.

Entretanto, apesar da aparente “dinâmica” de algumas administrações em manter limpas as estradas nacionais, no interior de alguns bairros quase não há a recolha de resíduos.

Em Viana, por exemplo, o aumento do lixo é derivado da perda da capacidade da operadora Nova Ambiental, responsável pela recolha naquela circunscrição, de acordo com o director municipal do Ambiente e Saneamento Básico, Esmeraldino Paulo.

Conforme a fonte, para diminuir o lixo, a Administração Municipal de Viana tem vindo a contar com o apoio de empresas de construção civil, que disponibilizam equipamentos essenciais, como basculante, pás carregadoras e retro escavadoras.

De igual modo, diz, a administração tem realizado campanhas de limpeza nos distritos do Zango, Viana sede, Vila Flor e da Estalagem, locais considerados críticos e com grandes quantidades de lixo no interior dos bairros e à beira das estradas.

Cenário idêntico tem sido registado na centralidade do Zango 5 (Zango 8000), que tem tido amontoados de lixo desde a zona de acesso até ao interior do projecto, apesar das campanhas de limpeza promovidas pelos moradores.

A esse respeito, Esmeraldino Paulo refere não ser responsabilidade da Administração de Viana, mas do Gabinete Provincial do Ambiente e Gestão de Resíduos Sólidos do Governo de Luanda, que deve gizar programas de limpeza para aquela circunscrição.

A moradora Andressa Neto, residente no distrito do Zango, refere que as moscas e a quantidade de lixo na localidade reduziram substancialmente, devido às campanhas da administração local, mas ainda há necessidade de melhorar os serviços de saneamento básico, para que situações do género não voltem a acontecer na circunscrição.

Já no município de Belas, a administração lançou um programa de emergência para a recolha do lixo, a fim de evitar grandes acumulados de resíduos sólidos domésticos.

De acordo com o administrador municipal, Miguel de Almeida, o programa envolve a colaboração de empresas privadas na recolha e transporte do lixo até ao aterro sanitário.

O responsável diz que este programa vai durar até que o Governo Luanda lance o concurso público e firme acordos com novas empresas especializadas, depois de ter suspendido, em 2020, os contratos das operadoras que prestavam esse serviço.

Entretanto, Miguel de Almeida defende a necessidade do diálogo com os munícipes, no sentido de começarem a fazer a selecção do lixo com valor económico, no sentido de aproveitarem e venderem às empresas especializadas interessadas.

"Todo lixo tem retorno. A responsabilidade da recolha é do Estado, mas está aí a oportunidade de negócios para os munícipes, cumprindo com as normas", sublinha.

Numa ronda efectuada, nos últimos dias, nas centralidades do Kilamba e KK 5000, Ramiros e Comuna da Barra do Cuanza, constatou-se que tem sido realizado o trabalho de limpeza naquelas zonas, contrastando com as ruas dos distritos de Quenguele, Vila Verde e Morro dos Veados, onde são visíveis focos de lixo.

Domingas Francisco, residente na Vila Verde, é de opinião que o Governo devia ter políticas para a recuperação do lixo, envolvendo os munícipes e gerar mais empregos.

No Cazenga também há contraste nas principais ruas, sendo que os contentores estão vazios, mas no interior dos bairros existem amontoados de lixo em locais impróprios a ocuparem as vias de acesso, indicando a insuficiência de recolha.

A Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (Elisal), entidade do Governo da Província de Luanda vocacionada para a limpeza do município do Cazenga, tem dificuldades de limpar as ruas estreitas e becos, onde a entrada de camiões é difícil.

Julieta de Almeida lamenta o facto de os munícipes não colaborarem com os serviços de limpeza, depositando o lixo na rua, ao invés dos lugares indicados pela administração.

Segundo o director municipal dos Serviços Comunitários, Carlos Almeida, a recolha de lixo foi redobrada para garantir a limpeza das ruas e adaptar os serviços às necessidades dos meses de Dezembro e Janeiro, épocas de Natal e Ano Novo.

O gestor pediu a colaboração de todos os munícipes no sentido de fazerem o acondicionamento dos resíduos nos locais indicados, para facilitar a remoção.

Entretanto, em Icolo e Bengo, a administração tem realizado aos sábados campanhas de limpeza nos distritos de Catete, Bela Vista e nas comunas de Bom Jesus, Cassoneca e Cabiri, sob o lema “Icolo e Bengo, lixo zero”, com o objectivo de manter os bairros limpos e proporcionar mais saúde aos munícipes.

Nestas campanhas, a administração tem apoio de membros de partidos políticos com assento parlamentar, igrejas, activistas e associações juvenis, entre outras entidades.

Em Dezembro, o Governo Provincial de Luanda suspendeu o contrato de gestão e recolha de resíduos sólidos com algumas operadoras por não honrarem na íntegra a sua prestação de serviço na capital do país.

A governadora de Luanda, Joana Lina, disse na altura que a recolha dos resíduos sólidos nesta fase de suspensão contratual com as operadoras de lixo deve ser feita pelas administrações municipais e pelos distritos urbanos.

Segundo a governante, as administrações estão orientadas a tratar da recolha dos resíduos sólidos nos seus territórios, enquanto não forem celebrados novos contratos com as empresas para tratar da limpeza na capital do país.

Para esse mês de Janeiro está previsto um concurso público de quatro empresas habilitadas para o efeito, das seis concorrentes, estando o GPL, Ministério das Finanças e do Ambiente a tratar da questão.

Para a recolha de lixo, a província de Luanda trabalhava com as empresas Queiroz Galvão, responsável pelo município de Luanda, Vista Weste, municípios do Talatona e Belas, Nova Ambiental, por Viana, Rota Ambiental, pelo Cacuaco, Elisal, por Cazenga e Sã Ambiente por Icolo e Bengo e Quiçama.

 





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