Lubango: 100 anos de histórias e realizações

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  • Huíla     Terça, 06 Junho De 2023    09h42  
Pormenor da cidade do Lubango
Pormenor da cidade do Lubango
Morais Silva - ANGOP

Lubango – A cidade do Lubango, capital da província da Huíla, continua a registar uma verdadeira metamorfose, com o surgimento de novas infra-estruturas, que dignificam a sua história centenária.

Por: Morais Silva, jornalista da ANGOP

A requalificação da circunscrição, que assinalou a 31 de Maio último 100 anos desde a ascensão à categoria de cidade, em 1923, assenta no Plano Director de 2004, que começou, finalmente, a ser executado.

Depois de vários clamores da parte das comunidades locais, a empreitada abrangeu, inicialmente, a melhoria de trinta e uma ruas, desde 2017, mais de 100 quilómetros de redes técnicas, jardins e espaços verdes.

O projecto, orçado em 212 milhões de dólares norte-americanos, financiados pelo BFA, permite a execução da 2ª fase da requalificação, nos bairros João de Almeida e Nambambi, à saída para a Estrada Nacional nº 105, em direcção à província de Benguela.

Com esse investimento, a “Cidade do Conhecimento”, nome adoptado em 2007, ou “Jardim de Angola”, como foi conhecida nos anos 70 e 90, está literalmente renovada e enche de orgulho os seus habitantes.

A sua estrutura urbana, com incidência nas ruas e alguns edifícios, deu lugar a reformas no centro da cidade, que ganhou nova imagem com a renovação do tapete asfáltico em todas as ruas do casco urbano.

Actualmente, o Lubango conta com a instalação de um sistema de drenagem de águas pluviais que suporta os agressivos “dilúvios”, sem deixar rasto de alagamentos no casco urbano.

Apesar dos avanços, a mobilidade urbana ainda é um desafio, sobretudo pela carência de um sistema de transportes públicos eficiente, numa cidade com mais de um milhão de habitantes e apenas 70 autocarros.

Com uma superfície territorial de três mil 140 quilómetros, o município foi concebido para 50 mil habitantes. Passados 100 anos, alberga hoje um milhão 50 mil 558, conforme projecções do Instituto Nacional de Estatísticas, com base no Censo Populacional de 2014.

Há 14 anos, experimentou um novo conceito de limpeza, ao contratar empresas privadas para assumir a responsabilidade, o que gerou expectativas, mas as empresas, que consumiam do Estado 120 milhões de kwanzas/mês, acabaram afastadas, sem atingir os resultados esperados.

Hoje, assiste-se à renovação das redes dos principais serviços básicos, de água, electricidade, comunicações, assim como a aposta num novo sistema de saneamento básico, com recolha de lixo porta-a-porta.

O novo modelo de recolha de lixo, em vigor desde Fevereiro de 2019, sob responsabilidade de oito operadores, é fiscalizado pela administração local.

Outra preocupação é a requalificação das infra-estruturas coloniais, sem arrasar os traços originais, porquanto apresentam um conjunto de fissuras que colocam em risco a integridade física dos seus utentes.

Para o efeito, o administrador Lisender André, encontra nas obras de requalificação das infra-estruturas integradas e a consolidação do programa de saneamento básico um dos maiores ganhos até aqui.

O trabalho é realizado por mais de 200 jovens, que recorrem a motorizadas de três rodas, mediante um roteiro dos operadores. Pelo trabalho, é cobrado um custo de 200 kwanzas por residência.

Para o sucesso da empreitada, a administração tem 139 motorizadas, 11 camiões de recolha e processamento, sendo sete compactadoras, três basculantes e dois tractores com reboque, 25 funcionários, 15 destes cantoneiros e 10 motoristas, de acordo com Lisender André.

“Nós queremos trazer uma perspectiva de qualificação distinta daquela que vinha ocorrendo, em que os moradores tiveram de ser deslocados das suas zonas de habitação. A ideia agora é uma requalificação, em que se mantenha as pessoas na sua zona”, expressou.

Problemática da habitação social aliviada

Outro sector em destaque no Lubango, no quadro desse processo de remodelação, é o do urbanismo e habitação, que registou a construção, desde 2005, de 600 casas no bairro da Mitcha, o primeiro projecto social que concretizou o Sonho da casa própria de alguns munícipes.



Em 2008, surgiu o Bairro da Juventude, com duzentas habitações, e mais recentemente, em 2012, as centralidades da Eywa, com mais de três mil habitações, e da Quilemba, com oito mil e 500.

Há, entretanto, a necessidade de maior fiscalização do trabalho dos moto-taxistas e taxistas, que criam paragens inapropriadas, e a reposição da sua cintura verde em grande parte da cidade.

Um dos notáveis ganhos da administração do Estado, neste município, é o combate às construções anárquicas, através do programa de auto-construção-dirigida, que entregou mais de 40 mil lotes de terra de 1000 metros quadrados nos últimos 12 anos.

A urbe beneficia, desde 2016, do Programa de Desenvolvimento Integrado do Sector das Águas (PDISA), lançado em Março daquele ano, cuja primeira fase permitiu a construção de uma linha de 80 km, para 4.600 ligações domiciliares. O problema está agora na produção.

Isso deve-se ao facto de as principais fontes: nascentes da Senhora do Monte e da Tundavala estarem aquém da demanda, sendo que a solução passa, segundo o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, por um canal a partir do rio Cunene (Matala), com mais de 200 quilómetros.

Quanto à energia eléctrica, as perspectivas são animadoras, porquanto há um programa para construção de mais três subestações (actualmente tem duas), com vista a fazer chegar a electricidade a mais pessoas.

A primeira fase, a executar pela empresa RNT, através de uma linha que vem de Laúca, já tem financiamento autorizado pelo Presidente da República, João Lourenço, e publicado em Diário da República.

A segunda é a gás, que estará a cargo da PRODEL, e outra da ENDE para 12.600 novas ligações.

Em relação à rede viária, pelo menos 180 km de estrada estão a ser reabilitados e outros 500 devem aparecer pela primeira vez, com destaque para a nova Circular do Lubango, com 58 quilómetros.

Na saúde, o município conta com uma rede sanitária de mais de 100 unidades, com realce para o Hospital Geral Agostinho Neto, com 520 camas, uma central de referência com o papel de hospital universitário.

Em relação ao domínio da educação, conta com uma rede escolar, do ensino de base ao superior, constituída por mais de oito mil instituições, das quais mais de 70 salas de aula a céu aberto.

Lubango foi uma das primeiras cidades do interior a leccionar o segundo grau (liceu), no Liceu Nacional Diogo Cão e na Escola Industrial e Comercial Artur de Paiva.

A chamada "Sá da Bandeira", até 1975, acolhe a sede da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, que, com outras cinco privadas, perfazem uma rede de seis instituições de ensino superior, com cerca de 15 mil estudantes.

A localização geográfica do Lubango, sudoeste do país, limitado pelos paralelos 13 graus e 15 minutos e 16 graus e 30 minutos a sul, assim como pelos meridianos 13 graus e 30 minutos e 16 graus a leste, torna-o num dos pontos de confluência de todos que desejam cruzar Angola.

O Monumento de Cristo Rei, a Fendas da Tundavala, as Águas Cristalinas da Cascata da Huíla, a Serra da Leba (esta última embora pertencente ao município da Humpata, o seu sucesso é feito a partir do Lubango) são os cartões-de-visita desta urbe localizada a cerca de 2. 400 metros de altitude.

Pólo de desenvolvimento da província da Huíla por excelência, o Lubango é limitado a norte pelos municípios de Quilengues e Cacula, a leste por Quipungo, a sul pela Chibia e a oeste pela Humpata e Bibala (Namibe).

A etnia predominante é o subgrupo étnico Ovamuila, do grupo Nhaneka-Humby, que vive disperso em pequenas aldeias.

Dados disponíveis indicam que o primeiro contacto europeu com pessoas da região data de 1627, embora a soberania portuguesa tenha começado apenas em 1769. Foram, em concreto, os holandeses que deram os primeiros sinais de povoamento europeu, por volta de 1880.

Os portugueses da Madeira fundaram, em Janeiro de 1885, a colónia de Sá da Bandeira, que a 31 de Maio de 1923 atingia a categoria de cidade, depois do comboio ter escalado a urbe, vindo do Namibe.

Rezam os escritos que ex-Sá da Bandeira foi elevada à categoria de cidade a 31 de Maio de 1923, por proclamação, na residência do Governo Geral, na Humpata, do então alto-comissário da República, General Norton de Matos, uma homenagem a Marques de Sá da Bandeira. MS/VM





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