Lubango – A pedreira do bairro da Mapunda, no município do Lubango, província da Huíla, tornou-se na principal fonte de sustento de, pelo menos 230 famílias desta localidade, com a produção de inertes como brita e areia para a construção civil, apurou a ANGOP.
O município do Lubango conta actualmente com duas pedreiras artesanais, a do bairro da Mapunda e a do Cristo Rei, “lideradas”, na sua maior parte por mulheres que trabalham de forma rudimentar e desorganizada, sob risco constante de acidentes de trabalho.
Em declarações à ANGOP, Mali, de 29 anos, mãe de quatro filhos, diz trabalhar na pedreira há 13 anos e admite que o trabalho é “difícil”, em função dos perigos que oferece, que muitas das vendas não compensam o esforço expelido.
Declarou que durante o dia pode produzir para vendas que variam de mil a 10 mil kwanzas, embora nunca tenha sido vítima de acidente, afirma ter testemunhado colegas a magoarem-se, destacando duas mortes de mulheres que ficaram soterradas ao extrair fragmentos de rochas.
A idosa Linda, viúva de 70 anos, é revendedeira de inertes, diz que optou pelo negócio para sustentar a si e ao filho que não trabalha, mas tem dificuldade de aquisição, pois os preços variam de dois mil e cinco mil kwanzas, considerado alto para o seu rendimento, que é de três mil/dia.
“Trabalho com a minha irmã que consegue comprar a pedra e divide comigo e a partir daí consigo fazer o serviço. Perdi as contas de quanto tempo trabalho aqui, porque comecei com os chineses que tinham uma empresa instalada aqui e depois dos mesmos terem ido, continuei por conta própria”, manifestou.
Já Mónica, de 28 anos, outra trabalhadora na pedreira, proveniente de Benguela, é mãe de três filhos e tem o local como fonte de renda alimentar perto de um ano, uma actividade feita por algumas primas e tias no local.
Salientou ter um ganho diário de mil a dois mil kwanzas, que tem dado somente para providenciar o básico da alimentação para os seus filhos que, por falta de condições financeiras, não estudam, pois teve se sair de Benguela para se juntar à família no Lubango por causa das dificuldades que enfrentava.
Contactada à ANGOP, um responsável da Inspecção Geral do Trabalho (IGT), que preferiu anonimato, afirma ser difícil controlar a produção, mesmo que seja degradante, por, sobretudo, ser feita de forma individual e não por pessoas colectivas, mas que tem trabalhado na sensibilização das famílias, para a melhoria das condições da actividade.
Actualmente não existe sequer uma cooperativa que represente essas famílias no ofício, pois é feito de maneira individual e na sua maioria por mulheres, pese embora haja homens envolvidos no processo de extracção e quebra das rochas grandes. MS