Malanje- O coordenador do Centro de Atenção a Doentes Mentais de Malanje, Cirilo Mendes, aconselhou hoje, sexta-feira, as famílias no sentido de aderirem regularmente aos serviços de saúde mental, com vista a prevenir desvios do fórum psicológico.
Essa medida visa garantir o bem-estar emocional e concorre para a prevenção primária da depressão, stress e outros fenómenos que podem comprometer a saúde mental e constituir ameaça à vida do indivíduo, disse o também psicólogo clínico.
Em entrevista à ANGOP por ocasião do dia mundial de prevenção do suicídio, que hoje se assinala, realçou ser importante este tipo de consulta, porque as pessoas estão sujeitas a pressões psicológicas, cuja gestão requer orientação de um profissional de saúde mental.
Alertou que quando a pessoa não consegue dar resposta a exigências externas, como satisfação de uma necessidade de emprego ou outra preocupação, pode atingir o stress e desencadear em níveis elevados de depressão e culminar com o suicídio.
“Quando se atinge a depressão, a probabilidade do cometimento do suicídio é maior”, frisou, realçando que apesar disso, no país a saúde mental ainda é negligenciada, aspecto que deve ser ultrapassado com a dinamização desses serviços.
Para ele, o suicídio hoje constitui um problema de saúde pública devido aos contornos que vem atingindo nos últimos tempos, com uma cifra de 1,4 por cento das mortes registadas no mundo, daí a necessidade de se controlar e combater esse mal.
Por sua vez, o psicólogo clínico Veloso Dala, realçou que o suicídio começa da idealização, passando pelos intentos suicidas até a sua consumação, sendo que pessoas com essa intenção perdem interesse de relação com outras.
Diante desses sintomas, o também docente universitário reiterou a necessidade urgente de se buscar ajuda de psicólogos e de serviços de saúde mental.
“O suicídio é a última consequência das perturbações de humor”, destacou, acrescentando que existem três níveis de prevenção do mesmo, nomeadamente a sensibilização extra-hospitalar, serviços de saúde mais próximos da comunidade e internamento quando o estado depressivo do paciente se agrava.
Apontou as zonas urbanas como as de maior prevalência de suicídios, devidos aos níveis de tensão, às exigências socioeconómicas e as sobrecargas psicológicas.
Entretanto, o sociólogo Félix Alentejo defende a educação de base e o envolvimento das igrejas e da sociedade em geral na árdua tarefa de travar essa prática.
Para ele, a recreação e o acolhimento das pessoas depressivas desvia essa tendência.
Sem revelar números, o porta-voz do SIC (Serviço de Investigação Criminal) de Malanje, Lindo Ngola, disse que os casos de suicídio chegados ao conhecimento das autoridades policiais na província vêm reduzindo consideravelmente nos últimos tempos, mas continuam a constituir preocupação.
Dados estatísticos do ministério da saúde dão conta que mil e 611 suicídios foram registados nos últimos três anos em Angola.