Malanje- A campanha contra o casamento infantil e gravidez na adolescência que visa consciencializar os decisores políticos, as famílias e comunidades sobre este flagelo social, foi relançada hoje, sexta-feira, pela Administração Municipal de Malanje.
Suspensa há alguns anos, a referida campanha visa igualmente a tomada de consciência dos riscos que o casamento infantil e gravidez na adolescência representam para as famílias.
A partilha de boas práticas e histórias de sucesso de jovens e adolescentes serão igualmente realizadas ao longo da campanha, enquadrada nas jornadas Março-Mulher.
Ao intervir no evento, o administrador municipal adjunto de Malanje para área financeira e orçamental, Leonel Francisco, lamentou o facto de o casamento infantil e a gravidez na adolescência serem práticas que se vem perpetuando há muitos anos, pelo que urge a mobilização social para erradicá-las.
Frisou que, apesar de o país não figurar no topo em termos de casos no continente, não invalida a tomada de medidas de protecção às raparigas, com vista a salvaguardar o seu futuro.
Sem avançar dados estatísticos, o responsável disse que se tem constatado, nos últimos tempos, muitas adolescentes grávidas a circular pela cidade de Malanje, estando maior parte destes casos ligados à tradição, pobreza extrema e influência dos progenitores.
Por sua vez, o regedor dos bairros Cangambo e Campo da Aviação, Manuel Golambole, assumiu o envolvimento das autoridades tradicionais para pôr termo aos casos de casamento infantil e gravidez na adolescência, tendo em conta as consequências drásticas na vida das mesmas.
Entretanto, a jovem Madalena Bernardo, que engravidou aos 16 anos de idade, partilhou a sua história no encontro e encorajou as adolescentes a aplicar-se nos estudos, em vez de priorizarem outras práticas desviantes.
Agora com 20 anos de idade, contou como foi difícil adaptar-se àquela realidade, que a forçou a interromper os estudos e dedicar-se precocemente à maternidade.
O relançamento da campanha contra o casamento infantil e gravidez na adolescência culminou com uma palestra sobre causas e consequências deste fenómeno.
Estima-se que mais de 7 milhões de mulheres tenham casado antes dos 18 anos de idade, grande parte dos casos ocorridos no Sul da Ásia e na África Subsariana.
Em Angola, 40 por cento dos partos realizados são feitos em jovens com idades compreendidas entre os 13 e 15 anos.