Lobito - Nove anos depois, os moradores do Bairro dos Cabrais, no município da Catumbela (Benguela), apontam a falta de água potável como a principal preocupação da comunidade, soube a ANGOP, esta segunda-feira.
O bairro dos Cabrais foi erguido em 2015, para albergar pessoas que viviam em zonas de risco após as chuvas de 11 de Março daquele ano, que deixaram mais de 70 vítimas mortais no Lobito e na Catumbela.
De acordo com alguns moradores, a situação apresenta-se "bastante crítica", na medida em que são obrigados a acarretar o precioso líquido a partir do camião cisterna da empresa que está a construir as casas sociais naquela circunscrição.
Esta segunda-feira, vários proprietários de camiões cisternas solidarizaram-se com as mais de 300 famílias que ali vivem, fazendo algum abastecimento de água ao bairro.
O soba da zona, José Vasco, confirmou o facto, queixando-se também das casas inacabadas que têm causado muitos constrangimentos aos moradores, principalmente nestes últimos dias de chuvas constantes.
"Muitas casas continuam com uma altura de onze fiadas e cinco chapas a cobrir o tecto. Esta situação permite a entrada de bastante água e alguns moradores estão mesmo a abandonar as suas residências", explicou.
Sobre a iluminação pública, disse que, apesar de haver energia, há muitas lâmpadas fundidas e ruas às escuras.
"Isto atrai os gatunos que já vão realizando algumas acções, principalmente o roubo de cabritos", contou o soba.
Outra situação que tem provocado algum pânico à população, é o perigo provocado por serpentes e lacraus, provenientes do matagal que circunda a povoação.
O sobra José Vasco confirmou a morte de uma criança provocada pela picada de uma serpente, informando que, inclusive ele próprio, também ja foi vítima de ataque de uma delas.
Questionado sobre a segurança na povoação, disse que existe um posto policial com apenas dois agentes que, segundo ele, não têm condições para guarnecer o bairro por falta de meios.
Quanto ao transporte para atingir a zona urbana do Lobito, para comprar mantimentos, os moradores têm de percorrer cerca de 25 quilómetros e gastar 500 kwanzas pela corrida de táxi.
"Somos obrigadas a gastar o pouco dinheiro que temos, apanhando o táxi, ida e volta Kz mil, para comprar comida para casa", desabafou Joana Chilumbo.
Como alternativa para atenuar a situação do abastecimento de água, o administrador comunal do Biópio, José Lumala, afirmou que tem contactado proprietários de camiões cisternas, com destaque para a empresa de construção MCA, que vão abastecendo em gesto de caridade.
Sem avançar detalhes, o administrador disse que o Governo Provincial tem um projecto para tirar a água a partir da barragem do Biópio, para fornecer ao bairro dos Cabrais e à futura Refinaria do Lobito.
Entretanto, o Executivo está a criar condições para entregar alguns equipamentos sociais, como é o caso de uma escola de 20 salas, onde funcionará o Instituto Médio Politécnico e um mercado para venda de produtos alimentares, já concluído, além dos que já existem, nomeadamente um posto médico, uma escola para o primeiro e segundo ciclo e um posto policial. TC/CRB