Mulenvos de Baixo ganha novos projectos sociais

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  • Luanda     Quinta, 25 Janeiro De 2024    19h35  
Estrada direita dos Mulenvos Distrito urbano de Cacuaco
Estrada direita dos Mulenvos Distrito urbano de Cacuaco
Herlander Massaqui - ANGOP

Cacuaco - O Distrito Urbano dos Mulenvos de Baixo, localizado no município de Cacuaco, província de Luanda, registou transformações substanciais, nos últimos dois anos, com o surgimento de novos projectos sociais, como centros de saúde e escolas, bem como a reabilitação de algumas vias secundárias e terciárias.

Por Diogo Fernandes e Claudeth Ferreira, jornalistas da ANGOP

Com uma extensão de 52,42 quilómetros quadrados, Mulenvos de Baixo conta com 16 bairros e mais de 64 mil habitantes (dados do último censo populacional), que viram melhorada a circulação entre a sede municipal e os municípios de Viana e do Cazenga.

Nos últimos anos, aquele distrito passou a contar com quatro centros de saúde que no passado tinham estatuto de postos de saúde, dotados de capacidade para prestar serviços em várias áreas. Um outro centro de saúde, de referência, está em construção.

De igual modo, ganhou quatro escolas primárias e um instituto médio, dispondo, nesta altura, com aproximadamente 40 escolas do primeiro e segundo ciclos.

O distrito comporta também um leque de outros projectos inaugurados recentemente, como, por exemplo, uma conduta de água que sai do “CD Mulenvos” e se estende até ao Bairro Paraíso, beneficiando mais de 100 mil munícipes.

Segundo o administrador local, Luíz Gonzaga, foram inaugurados o Instituto Médio de Telecomunicações, no bairro Belo Monte, e os Centros de Saúde da Cerâmica. Estão por inaugurar o Centro de Saúde da Vila da Paz e as pontes do Ângelo e do Malueca.

O gestor público explicou que no sector da energia existem alguns problemas por resolver, mas há um esforço conjunto da administração do distrito e da ENDE para iluminar a zona na totalidade até ao final do ano em curso (2024.

Destacou, por outro lado, a reabilitação de algumas vias estratégicas que ligam à sede do município de Cacuaco, que facilita, sobremaneira, a transportação dos doentes de um posto de saúde para um dos hospitais de referência daquela circunscrição.

Precisou que foram asfaltados um total de 22 quilómetros da via que liga ao município de Viana e Cazenga, da retranca ao Belo Monte, saindo da via expressa. “O objectivo é ligar estradas às infra-estruturas”, notou.

Ravinas e construções em linhas de água

O Distrito tem terrenos acidentados, mas transformados em zonas urbanas, apesar de existirem 15 ravinas, das quais três com maior gravidade, no bairro Deolinda Rodrigues e no Mulenvos Sede, de acordo com o administrador.

O mesmo explica que tais ravinas eram linhas de passagem de água natural, mas as construções de casas têm impedido o curso normal das águas.

Reprova o facto de as zonas montanhosas, propícias para a agricultura, terem sido   ocupadas para construção de casas, sendo que muitas dessas estão em linhas de passagem natural de água. Existem, nessa altura, 272 casas em condições de risco.

Luís Gonzaga informa que têm feito um levantamento dos terrenos baldios, desde os mais ou menos assentados até àqueles em condições para futuro realojamento.

“A administração está a cadastrar terrenos que não têm ocupação efectiva, para tirar o cidadão, porquanto não se pretende deslocá-lo muito”, esclarece.

Exemplificou que a administração faz o levantamento dos cidadãos do Paraíso, em zona de risco, para coloca-los numa outra segura na mesma circunscrição.

Depois desse processo, a administração oferecerá um espaço para a construção de uma casa, apesar de muitos irem propositadamente viver em zonas de risco, achando que poderão receber casa a partir do Estado, atitude reprovável.

“Temos que perder a cultura de que o cidadão constrói na vala, porque será recompensado com uma casa”, enfatiza.

O coordenador Simão Futa, do bairro Malueca, considerou necessário melhorar as valas de drenagem e disse que se regista um cenário “desolador” na sua área, agravado, principalmente, pelas últimas chuvas que afectaram várias famílias.

Segundo a fonte, várias casas foram inundadas com a água da chuva, tendo vários lares perdido bens importantes, como sofás, camas, frigoríficos e cadeiras.

Criminalidade no Paraíso

A par desses problemas, o Paraíso, um dos bairros dos Mulenvos de Baixo, é apontado por alguns como área onde a segurança pública exige mais cuidados de quem de direito.

“A preocupação dos moradores do bairro Paraíso prende-se com a segurança”, conforme desabafou  o seu coordenador, Miranda Lobes Dembos.

O mesmo solicita que se aumente o policiamento, embora a construção de uma Esquadra de Polícia esteja em andamento desde Outubro de 2023.

Considera dificil circular por esta zona, principalmente de noite. “Temos um  posto de Polícia, o que não é suficiente para garantir a segurança de todas as pessoas.  Agora, com a construção da esquadra de Polícia, talvez a situação possa melhorar”, admite.

Administração desmistifica má fama do Paraíso

O administrador distrital dos Mulenvos de Baixo, Luís Gonzaga, considera ser fundamental desconstruir a narrativa de que o Paraíso é um bairro péssimo para viver.

“A vida nesse bairro é tranquila”, expressa, a propósito do bairro, que fazia parte do Distrito Urbano do Kikolo, mas passou para os Mulenvos.

“O que se fala do Bairro Paraíso nem sempre é verdade. Penso que é feito para atrair as pessoas”, justifica-se Luís Gonzaga.

Em termos de segurança, o Distrito conta com sete esquadras policiais, nomeadamente nos bairros Ângelo, distrito sede, Paraíso, Anda, Pedreira e outros.

A título de exemplo, Luíz Gonzaga argumenta que o Distrito Urbano dos Mulenvos de Baixo, a nível do Comando Municipal da Polícia, foi distinguido como o melhor em resposta ao combate ao crime.

Entretanto, parte considerável das famílias dos bairros Paraíso, Idroporto e Malueca, Distrito Urbano dos Mulenvos, em Cacuaco, carecem de energia eléctrica, saneamento básico, acesso à água potável e serviços básicos de saúde e educação.

As famílias dos bairros Paraíso, Idroporto e também do Malueca têm em comum as dificuldades do dia-a-dia, com incidência nas debilidades dos serviços sociais.

Destacam-se entre os problemas a falta de energia elétrica, de ligações domiciliares à água potável, a escassez de hospitais e escolas públicas, saneamento básico deficitário, assim como a melhoria da segurança pública.

Segundo o coordenador do bairro Idroporto, Cândido Rodrigues, o acesso entre este sector e a vila de Cacuaco, principal foco de acesso a bens de primeira necessidade, é afectado pelos constrangimentos na ligação entre estes dois pontos.

Considera ser “muito difícil” sair deste bairro para a vila de Cacuaco, porquanto existe uma vala entre estes dois pontos, o que condiciona a movimentação.

Por outro lado, a munícipe do bairro Hidroporto, Josefa Augusto, solicita mais investimentos do Estado nesta zona, onde existe apenas um hospital público, para um universo de mais de 20 mil habitantes da circunscrição.

Administrativamente, o bairro Idroporto, antigo Sector 3, é parte do Distrito Urbano dos Mulenvos, onde, na totalidade, habitam mais de 64 mil pessoas, segundo dados oficiais.

A extensão do território, o número de moradores e as debilidades nos serviços sociais colocam esta localidade num cenário de intervenção premente da parte das autoridades.

No bairro Malueca, por exemplo, o cenário é desolador, agravado, principalmente, pelas últimas chuvas que afectaram muitas famílias, conforme o coordenador Simão Futa.

Segundo o mesmo, várias casas foram invadidas pela água da chuva, tendo vários lares perdido bens importantes, como sofás, camas, frigoríficos e cadeiras.

“Há necessidade de melhorar as valas de drenagem”, disse.

Comunidade pede melhorias no fornecimento de água e luz

Entretanto, os habitantes dos Distritos Urbanos dos Mulenvos de Baixo, Kikolo e da Comuna da Funda solicitaram das autoridades locais a melhoria do fornecimento de água potável, energia eléctrica e saneamento básico.

Nessas localidades, regista-se escassez no fornecimento de água canalizada e algumas debilidades no fornecimento de energia eléctrica, cenário muito marcante, por exemplo, em parte considerável das famílias dos bairros Paraíso, Idroporto e Malueca.

Essas comunidades têm em comum as dificuldades do dia-a-dia, com incidência nas debilidades dos serviços sociais. Além da água e luz, carecem de hospitais e escolas, saneamento básico (é deficitário), assim como segurança pública. 

Essas carências são uma realidade no Sector 3 do Bairro Mulenvos de Cima. 

A implantação de alguns fontanários é uma das alternativas encontradas pelas estruturas administrativas locais, para travar as dificuldades ou escassez da água canalizada, mas, apesar de existirem essas infra-estruturas, poucas funcionam.

Muitos desses meios encontram-se inoperantes, devido a actos de vandalização das torneiras e da tubagem de canalização, constatou a ANGOP. 

Segundo a munícipe Anastácia Ginga, o acesso entre o Sector 3 e a vila de Cacuaco, principal foco de acesso a bens de primeira necessidade, é afectado pelos constrangimentos no acesso entre estes dois pontos. 

Cenário quase semelhante regista-se na Comuna da Funda e no Distrito do Kikolo. 

No Bairro Boa Esperança 3, Quarteirão 4 (Kikolo), por exemplo, a água no fontanário sai com baixa pressão desde Dezembro último, pelo facto de os pontos de ligação deixados não oferecerem capacidade de distribuição, segundo o administrador local adjunto para a área Técnica, Afonso Enoque Epalanga. 

O abastecimento de água aos fontenários é feito por fases, devido a pressão. 

Maria Moniz, de 19 anos de idade,  moradora na Boa-Esperança 3, quarteirão I, alega terem ficado em 2023 três meses sem fornecimento de água potável, a partir do chafariz.

Durante esse período, conta, os moradores tiveram de atravessar para o outro lado da estrada principal “EN100” a procura do produto.

Maria Clauteh, 43 anos, a viver há três anos no bairro  Boa Esperança, assim como  Emanuel Matambi, de 27 anos, há 15 anos no bairro Augusto N´gangula, apresentaram reclamação semelhante e pedem a imediata implantação de ligações domiciliares. 

O administrador de Cacuaco, Auzílio Jacob, garante que, no quadro da aprovação de 255 projectos sócio-económicos para o município, já existe um sistema de água e, neste momento, estão a ser feitas ligações domiciliares (em números não quantificados) no Bairro Paraíso e ao Bairro Augusto N´gangula. DIF/COF/SEC/AC 





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