Luanda - O secretariado da Organização da Mulher Angolana (OMA) em Luanda considera a mulher zungueira como o pilar do sustento das famílias angolanas, face ao grau de superação e resiliência que esta franja da sociedade tem demonstrado ao longo do tempo.
A posição foi manifestada pela secretária provincial da OMA, Luzia Policarpo, em entrevista à ANGOP, no âmbito das comemorações do Dia Nacional da Mulher Angolana, assinalado hoje, 2 de Março, que decorre sob o lema “Mulher Angolana participação, inclusão e desenvolvimento”.
O acto provincial realiza-se no bairro da Kilunda, comuna da Funda, município de Cacuaco.
A responsável referiu que é chegado o momento de se educar a mulher zungueira, sendo colocada no sítio certo, desde a sensibilização dos locais de venda, tipos de produtos para venda, bem como acesso a uma educação financeira para ajudar na acessibilidade de alguns benefícios bancários.
Luzia Policarpo disse ainda que muitas destas mulheres tornaram-se o sustento das famílias devido ao abandono do parceiro, sendo que muitas delas com a prática da venda ambulante (zunga), conseguiram formar os filhos e ainda formar os netos.
Neste quadro, a secretária da OMA na província sublinhou que um dos grandes desafios que se coloca a mulher angolana é o fomento do auto emprego e a formação, para que possam participar directamente no desenvolvimento da nação, não deixando de parte a questão do empoderamento do género.
“O desenvolvimento passa pela formação e o empoderamento da mulher, que ajuda na criação do auto-emprego”, referiu.
A responsável disse ainda que a mulher tem contribuído significativamente para o crescimento do país, fazendo menção às acções para a diversificação da economia, concretamente no sector agrícola, com a massificação da agricultura familiar e mecanizada.
Luzia Policarpo referiu que as mulheres têm sido as mais prejudicadas, por serem as gestoras dos lares, facto que as obriga a ajudarem as instituições a adoptarem um novo conceito de país e deixarem de parte a “gasosa”.
No que toca ao equilíbrio do género em vários sectores da sociedade, a número um da OMA em Luanda frisou que para além de defender os 50 por cento, o essencial passa pela formação e capacitação em competências.
Sobre o analfabetismo, Luzia Policarpo disse que a organização que dirige a nível da província é pioneira neste quesito, tendo desenvolvido acções para minimizar a situação, com a existência de centros em todos os municípios e comunas.
A par disso, referiu, associa-se a gravidez precoce que afecta uma parte considerável das adolescentes, levando-as ao abandono das instituições de ensino.
Por isso, a sua organização, em parceria com instituições que lidam com a educação reprodutiva, têm desenvolvido acções de sensibilização das jovens e adolescentes para as direccionar no caminho certo.
OMA prepara acto provincial na Funda
Para saudar a data que marca o Dia da Mulher Angolana a nível da capital do país, o secretariado provincial da OMA preparou um leque de actividades no bairro Kilunda, comuna da Funda, município de Cacuaco.
Segundo a secretária provincial, a jornada vai começar com um encontro, na comuna da Funda, município de Cacuaco, com os ex-dirigentes da organização, seguido de uma visita ao centro materno infantil para brindar os bebés do dia.
Já no local do acto, vai ser feita a doação de sopa às crianças da localidade, plantação de árvores de vários tipos, bem como a realização de uma feira multidisciplinar, que vai contar com produtos do campo e artesanais.
O “Dia da Mulher Angolana” foi adoptado em reconhecimento ao papel que esta franja da sociedade desempenhou na luta de resistência do povo angolano contra a ocupação colonial. Tem ainda como objectivo homenagear às mulheres que lutaram pela independência, com destaque para Deolinda Rodrigues, Irene Cohen, Engrácia dos Santos, Lucrécia Paim, entre outras. ANM/OHA