Cuito – As parteiras tradicionais do centro administrativo de Ecovongo, no município do Cuito, província do Bié, carecem de material de trabalho para continuarem a realizar partos domiciliares com melhores condições e segurança, soube hoje a ANGOP.
Na localidade existem 35 parteiras tradicionais, que há cerca de um ano exercem a actividade de forma arriscada por falta de luvas, máscaras, batas descartáveis, recipientes de guarnição de pinças, algodão, lâminas, álcool em gel, lixívia e sabão.
O administrador deste centro administrativo, Adérito João Jamba, informou que aquelas pessoas que têm condições de locomoção percorrerem cerca de 25 quilómetros até à comuna de Camundongo, localidade vizinha, onde existe um hospital missionário, para a realização de consultas e consequentemente ter um parto mais seguro.
Apesar dos constrangimentos, o responsável afirmou que os partos realizados aos domicílios, na sua maioria, são bem sucedidos, rondando de 6 a oito por semana.
Defendeu à necessidade dos órgãos de direito encontrarem mecanismos que possam garantir os meios em falta, com vista a que estas profissionais não param de exercer este trabalho, que tanto ajuda as populações locais.
O administrador Adérito Jamba revelou igualmente que muitas grávidas não fazem as consultas pré-natais por falta de um centro especializado na região.
Outra grande preocupação apresentada tem a ver com a falta de informação por parte de algumas parteiras sobre as medidas que devem ser tomadas para se prevenir da covid-19, colocando em risco a sua vida, da parturiente e dos bebés.
Por isso, Adérito João Jamba pediu às autoridades sanitárias no sentido de realizarem, no meio rural, seminários de capacitação e outras palestras sobre a pandemia.
Um posto de saúde para mais de 15 mil habitantes
Adérito João Jamba lamentou, porém, o facto de existir no Ecovongo apenas um posto de saúde, assegurado por dois enfermeiros básicos. O mesmo funciona apenas no período diurno e que carece de quase todos tipos de fármacos.
Face à densidade populacional, estimada em 15 mil e 360 habitantes, solicitou a construção de mais um centro de saúde de trinta camas, para responder à demanda.
Destacou à falta também de uma ambulância, para a rápida evacuação de doentes, já que muitos chegam a morrer durante o trajecto, quando são transportados em moto-taxis.
Neste centro administrativo, a malária, febre tifóide, Doenças Diarreicas Agudas (DDA), sarna e sarampo são as enfermidades que mais assolam a população.
Um dos cinco monumentos histórico-cultural do Bié, a Embala Ecovongo ganhou esse estatuto a 17 de Setembro de 2018, através do Decreto Executivo Nº194/ 18 de 6 de Setembro, tendo em conta a sua importância na preservação dos hábitos e costumes da região e da cultura nacional, no geral.