Catumbela – O funeral do pescador Agostinho Marial, de 51 anos, encontrado morto na segunda-feira, 18, numa embarcação à deriva no mar do Sumbe (Cuanza-Sul), foi realizado nesta quarta-feira, no cemitério do Luhongo, município da Catumbela, província de Benguela.
Familiares, homens do mar e autoridades locais, entre os quais o administrador comunal da Praia do Bebé, João Guilherme, estiveram no último adeus à vítima, um dos dois pescadores que seguiam a bordo da embarcação de pesca “Sachissokele”, resgatada pelas autoridades marítimas da província do Cuanza Sul, 11 dias após desaparecer.
Já Lucas Cajungo, de 42 anos, outro ocupante da embarcação artesanal à deriva no alto mar, durante 11 dias, foi resgatado com vida, numa operação que também contou com o auxílio de pescadores do Sumbe que rebocaram o barco sinistrado para a terra.
Segundo relatos do sobrevivente, tudo aconteceu depois da pesca na noite de uma quinta-feira, quando o barco foi surpreendido pelo mau tempo e perdeu o rumo, tendo sido arrastado pelas ondas até ao Sumbe.
De acordo com o depoimento, a situação piorou assim que o motor da embarcação artesanal avariou, fazendo com que andassem à deriva no alto mar sem água nem comida.
Possíveis causas
O proprietário da embarcação sinistrada, José Domingos, presume que as causas do incidente estejam relacionadas com a avaria do motor.
Reconheceu o esforço das autoridades do Sumbe para que o corpo do pescador fosse trasladado, na terça-feira (19), para a província de Benguela, com vista à realização do funeral.
Por outro lado, também destacou a solidariedade dos armadores de pesca do Sumbe, que ao avistar a embarcação desaparecida desde 7 de Março acionaram a Capitania de Porto Amboim para as diligências necessárias.
Deu a conhecer que a embarcação continua sob custódia das autoridades marítimas da província do Cuanza-Sul, para investigar as possíveis causas do sucedido.
Já o administrador comunal da praia do Bebé, João Manuel Guilherme, lamenta a morte de um dos pescadores e afirma que é uma situação cada vez mais comum, sobretudo em épocas como esta.
O responsável apela às cooperativas de pescadores artesanais a primarem pelo cumprimento das medidas de seguranças, antes de se fazerem ao mar.
Este é o segundo caso envolvendo barcos de pesca artesanal da Praia do Bebé, dois anos depois do desaparecimento de uma embarcação, resultando na morte de alguns pescadores.
Embarcações violam zona de pesca
Por trás destes recorrentes incidentes, a Capitania do Porto do Lobito responsabiliza as pequenas embarcações que violam constantemente os limites da sua zona de pesca artesanal, ultrapassando as quatro milhas autorizadas, com a apetência de capturar maiores quantidades de peixe.
Esta situação tem prejudicado a vida dos pescadores durante os dias em que andam à deriva em alto mar, com parcos meios de sobrevivência. JH/CRB