Luanda - O Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional iniciou hoje, quarta-feira, o asseguramento dos templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), para garantir o cumprimento da ordem de interdição proferida pelo Tribunal.
Esta decisão foi tomada face às constantes violações, por parte de alguns líderes e fiéis, dos selos de interdição colocados pelas autoridades judiciais nos templos desta igreja no Maculusso e em Alvalade.
De acordo com um comunicado da Polícia Nacional a que a ANGOP teve acesso, "na fase inicial do processo-crime, que decorreu contra a Igreja Universal, a polícia foi requisitada para acompanhar a selagem dos templos e também para garantir a sua inviolabilidade”.
Face à decisão do Tribunal, prossegue a nota, que orienta a restituição dos templos, há necessidade do órgão judicial (tribunal) notificar as autoridades policiais para que se proceda em conformidade.
Adianta que o tribunal deve também dar as instruções sobre qual a entidade responsável para a recepção dos templos dessa igreja no Maculusso e em Alvalade.
Por este motivo, lê-se no documento, a polícia em Luanda apela a todos os crentes para respeitarem a tramitação processual administrativa para a entrega definitiva dos templos.
A PN repudia a retirada dos selos de interdição, porquanto os cidadãos que assim procedem não estão munidos de qualquer mandado que legitime a retomada dos imóveis apreendidos no decorrer do processo instaurado.
O comando provincial adverte que tomará as medidas julgadas pertinentes para que os templos não sejam utilizados, até que as autoridades judiciais emitam o termo de entrega que legitime a entidade que deverá receber os imóveis apreendidos.
Desde Setembro de 2020, o património da IURD Angola está sob gestão do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), devido ao desentendimento entre os pastores angolanos e brasileiros, estes acusados pelos primeiros de branqueamento de capitais, fraude fiscal e associação criminosa.
A crise na IURD em Angola resulta de divergências entre pastores e bispos angolanos e brasileiros sobre a gestão dessa instituição e queixas de humilhações, discriminação e crimes económicos.
Após meses de conflitos e convulsões internas, a Igreja Universal do Reino de Deus de Angola cindiu-se, tendo a ala dissidente (angolana) criado, em 2020, uma Comissão de Reforma, em divergência com a direcção brasileira, que agora diz estar legitimada numa nova IURD de Angola.
Em 2021, a comissão de reforma cessou as funções e os novos membros dos órgãos sociais da Igreja Universal do Reino de Deus de Angola elegeram, em assembleia-geral, o bispo Valente Bezerra Luís como líder da IURD em Angola.
No entanto, outros crentes da IURD referem que a liderança da igreja originariamente criada no Brasil é representada pelo angolano António Miguel Ferraz, na qualidade de vice-presidente do conselho de direcção e reclamam pelos templos do Maculusso e de Alvalade.