Benguela - A Polícia Nacional (PN) reportou 39 casos de abuso sexual contra menores de 14 a 16 anos, desde Outubro de 2023 a Fevereiro deste ano, no município de Benguela, soube a ANGOP.
A informação foi avançada pelo comandante municipal de Benguela da Polícia Nacional, superintendente-chefe Filipe Cachota, a propósito da palestra sobre o papel da família na prevenção do abuso sexual e gravidez precoce, sob a égide do Grupo de Mulheres Parlamentares (GMP).
Orador do tema desta palestra de reflexão, o comandante municipal de Benguela considera elevada esta cifra, o que significa que a sociedade deve estar mobilizada para reverter essa tendência.
Segundo o oficial superior da corporação no município de Benguela, 32 dos 39 casos foram praticados por pessoas próximas das vítimas, entre pais, avós, primos e vizinhos.
Filipe Cachota, encarando a prevenção do abuso sexual como uma luta de todos, afiança que o cenário remete os actores sociais a uma reflexão profunda sobre como estamos a construir esta sociedade.
Perante o actual cenário, o comandante não tem dúvidas de que a sociedade está em crise, por conta da desestruturação das famílias.
"Mas há uma entidade que está em crise profunda, que é a instituição família', assumiu, para de seguida defender que a família precisa de ser reanimada desta crise de valores e de princípios.
Em seu entender, esses valores são essenciais para a formação de cidadãos que respeitem a dignidade e a integridade física das pessoas, rejeitando a todo custo o abuso sexual de menores.
"É uma situação repugnante, que a todos nos deve envergonhar, porque abusar o menor é adiar e comprometer o país", admite.
Recuperação de valores
O superintendente-chefe Filipe Cachota também destaca a importancia da palestra, por possibilitar à sociedade analisar a situaçao actual e reflectir sobre como educar os filhos em tempo de crise.
"Essa crise nas famílias, tem a ver com a questão do abandono das suas obrigações de cuidar e proteger os filhos para que não sejam abusados sexualmente", alertou
Para ele, é necessário agir rapidamente sob pena de adiar a vida das futuras jovens mulheres.
Filipe Cachota rejeita a ideia de que a situação social actual seja um factor primordial por trás desses males, já que as famílias angolanas sempre incutiram valores nos filhos.
Questionando sobre quem deve proteger as crianças, a não ser os próprios pais, o palestrante recorda que as crianças gozam de protecção especial do Estado.
Mesmo assim, assinala que a família é a instituição primária que tem a obrigação permanente e legal de cuidar dos menores.
Também apelou a família para cuidar conveniemente dos seus filhos menores, educando-lhes para que não aceitem determinadas situações susceptíveis de resultar em abuso sexual.
O comandante do município de Benguela sugere mais diálogo aberto como meio de ensinar as crianças a perceberem os sinais de um cidadão que tem intenção de abusá-las sexualmente.
"Se se educa os menores que fogo queima, tem que se lhes dizer também o que é que têm que reportar quando um mais velho de idade fala ou brinca sobre essas questões, rematou o comandante. JH/CRB