Populares temem surto de diarreia por consumo de água imprópria na Catumbela

     Sociedade           
  • Benguela     Terça, 14 Setembro De 2021    19h48  
Vista parcial da vila da Catumbela
Vista parcial da vila da Catumbela
António Escrivão

Catumbela – Moradores de bairros nos arredores da sede do município da Catumbela temem um eventual surto de diarreia e febre tifóide, fruto do consumo de água imprópria retirada numa cacimba nas proximidades do cemitério local, apurou a ANGOP.

Diariamente, centenas de populares dos bairros do Cambambe, Caputo, Mulumba e Cambuta, com bidões à cabeça, recorrem a uma cacimba e valas por detrás do cemitério da Catumbela, para retirar água imprópria para o consumo, face às restrições no fornecimento causadas por uma avaria no sistema de bombeamento do Alto Niva, com uma capacidade de 100 metros cúbicos/hora.

Moradora do bairro Alto Niva, Laurinda Miranda revela que há mais de duas semanas que a população está a usar esta mesma água, sem ferver nem desinfectar, para matar a sede, cozinhar ou tomar banho, temendo por um possível surto de diarreia, febre tifóide e dermatoses.

Para que isso não aconteça, a jovem pede às autoridades que encontrem “soluções urgentes” para resolver a gritante falta de água na Catumbela e arredores, uma vez que está a obrigar a população a percorrer longas distâncias até à zona do Camufuma - a nova “fonte” com líquido impróprio para o consumo.

Porque o único chafariz do bairro só jorra água das quatro às seis horas da manhã, Laurinda Miranda contou que, à semelhança de outras mulheres, carrega na cabeça bidões de 20 litros de água - quatro vezes ao dia e que arrisca a própria vida ao atravessar a movimentada Estrada Nacional EN100.

Juliana Capari partilha do “calvário” e diz que a rotina de muitas mulheres mudou completamente. Agora, acordam normalmente às quatro horas da manhã, na tentativa de conseguir um lugar na longa fila de populares que vão ao chafariz do bairro Alto Niva, onde a água escasseia às seis horas.

Indignada, a cidadã aponta a cacimba do Camufuma, junto ao cemitério, como única alternativa para a maioria dos moradores dos bairros da zona alta. Ao mesmo tempo, receia que, com o tempo, poderão surgir problemas de saúde associados ao consumo dessa água não tratada, originária entretanto do rio Catumbela.

Além da fadiga provocada pelo peso dos cinco bidões de água que transporta diariamente do cemitério até ao bairro do Cambuta, a dona de casa Lúcia António também se queixa do facto de as crianças estarem com sintomas de dores de barriga, diarreia e vómitos, em consequência do consumo da referida água.

Ermelinda Chilombo e Graciano Domingos, com 12 e 13 anos de idade, respectivamente, que faltaram às aulas para transportar água, contaram que há dias escaparam a um atropelamento enquanto atravessavam a estrada com banheiras à cabeça, por isso, pedem ao governo que resolva o problema o mais depressa possível.

Ao coro de lamentações junta-se o estudante Enoque Vítor, para quem a situação piora a cada dia que passa na Catumbela e defende que a população insiste em consumir a água da cacimba ao lado do cemitério por uma questão de sobrevivência, não obstante os riscos à saúde.

Se não bastasse o sofrimento dos moradores na periferia da Catumbela, obrigados a subir a zona alta com bidões na cabeça, o interlocutor ressalta os perigos a que muitos estão sujeitos ao atravessar a estrada com viaturas em alta velocidade.

"A população, que já sofre com a fome e a Covid-19, não deveria mais viver com a falta de água. O sofrimento está demais. Estamos a banhar com água suja nas valas das lavras do Camufuma”, lamenta a cidadã Arminda Isabel, residente no bairro do Cambambe..

E avisa que a falta de água pode levar a propagação da Covid-19 no município da Catumbela, porque as escolas não dispõem de condições para que os alunos possam lavar as mãos com água e sabão quantas vezes forem necessárias.

Entretanto, o actual défice de água no litoral da província de Benguela pode estar com “dias contados”, já que o Executivo prevê avançar com a execução de um projecto integrado de obras de emergência, num investimento de 415 milhões de euros assegurados pela empresa ASGC Limited, do Reino Unido.

Numa iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, as obras emergenciais objectivam, entre outros, a urgência na construção e recuperação de infra-estruturas básicas, sistemas de abastecimento de água, construção e reabilitação de vias rodoviárias, edificações públicas.





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