Quiçama celebra aniversário com feira agro-pecuária e festival de música

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  • Luanda     Sexta, 02 Julho De 2021    19h56  
Vista panorâmica do Parque Nacional da Quiçama
Vista panorâmica do Parque Nacional da Quiçama
Clemente dos Santos

Luanda - Uma feira agro-pecuária e um festival de música tradicional foram abertos sexta-feira, para assinalar o 83º aniversário do município da Quiçama, em Luanda.

Na feira, aberta pelo administrador municipal, António Manuel Fiel, com encerramento previsto para Domingo, estão expostos vários produtos, com destaque para os caprinos, suínos, aves, tubérculos, hortícolas, frutas, bem como pescado.

A comuna da Muxima (coração, na língua kimbundu), tem no seu stand produtos derivados da mandioca, peixe e camarão do rio e legumes, a do Cabo-Ledo tem exposto ilustrações das zonas turísticas e praias, enquanto Kixinge expõe recursos minerais, como magnésio, ferro, réplicas de ouro, diamante e areia.

O Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) estão presentes na feira, com vários pacotes de financiamento para os camponeses.

O Festival de música, denominado "Corredor do Kwanza", é animado pela Banda Real da Quiçama, com Baló Januário, Macaxi, entre outros músicos, o grupo da Njimba, Disbunda (Cuanza Norte), Amados de Ambaca, Tinho Amado e Kumbilixia (Cuanza Sul) e de Malanje, os Tungila Tuá Jokota e o grupo TX .

Durante as festividades, que decorrem sob o lema “Quiçama, portas abertas para o desenvolvimento”, serão também realizadas palestras sobre as potencialidades agrícolas da localidade e uma missa católica de Acção de Graça, no Domingo.

Quiçama

A Quiçama completa a 2 de Julho, 81 anos de existência, desde que foi elevada à categoria de município em 1938.

O município foi fundado em 1599 pelo português Baltazar Rebelo de Aragão, tem uma superfície de 13 mil 562 quilómetros quadrados e uma população de 25 mil e 86 habitantes.  

Transferida, por força da Lei 29/11, de 1 de Setembro de 2011, da província do Bengo para a Luanda, no seguimento da reforma administrativa das duas províncias, a Quiçama é limitada a Norte pelos municípios de Viana e Icolo e Bengo e pelo Cuanza Norte ( Cambambe), a Leste pelas localidade do Libolo e Quibala, a Sul por Quilenda e Porto Amboim (Cuanza Sul) e Oeste pelo Oceano Atlântico.

A municipalidade, que se estende por toda a zona do rio Kwanza, a Norte, Oceano Atlântico ao Oeste, os rios Longa e Nhia a Sul, a Serra de Libolo a Este, tem como sede a Vila da Muxima, e é composta pelas comunas de Demba Chio, kixinge, Mumbondo, Cabo-Ledo e  pelo Parque Nacional da Quiçama, numa extensão de 12 mil 46 quilómetros quadrados.

A Quiçama enfrenta actualmente dificuldades relacionadas com as vias de acesso às comunas, o que impede o desenvolvimento socioeconómico da localidade, comparada aos demais municípios da província de Luanda.

Com uma população potencialmente agrícola, que se dedica a agricultura de subsistência e a pesca artesanal, esta comunidade rural de Luanda fornece cerca de 70 por cento dos produtos que chegam ao mercado informal do km30.

O município é detentor de um grande potencial de recursos naturais, consubstanciados em petróleo e gás natural (Cabo Ledo), manganês (kixinge) sal-gema, calcário e gesso (Muxima).

As comunas de kixinge e Munbondo têm uma floresta, com madeira por explorar, rica em pau ferro, dianze, mogno e paço.

Ecoturismo

O Pólo de Desenvolvimento Turístico de Cabo Ledo foi criado pelo Decreto Presidencial 55/11, de 2011, e começou a sua actividade em 2012, ocupando uma área de três mil e 60 hectares, necessitando, actualmente, de investimentos em infra-estruturas para atrair mais investidores e aumentar a actividade turística na área.

A comuna de Cabo Ledo constitui um dos trunfos económicos do município da Quiçama, pois os alunos da Escola de Surf, hospedes dos acampamentos turísticos, turistas, banhistas, pescadores, praticantes dos desportos náuticos e de pesca desportiva, fazem das belíssimas praias o encanto perfeito para quem gosta de vida saudável no meio ambiente.

Monumentos e sítios

Segundo dados históricos, antes da ocupação colonial, o município da Quiçama era constituído por sobados independentes, que eram designados por Estados Livres, uma região que sempre foi habitada pelo grupo étnico kimbundo, com uma governação própria por meio de reinados.

Os portugueses construíram duas fortalezas, devido as constantes revoluções dos habitantes locais, a primeira das quais situa-se na Cassanga, próximo do actual Parque Nacional da Quiçama, e a segunda na Vila da Muxima ou Fortaleza da Muxima, actual sede do município.

A Fortaleza da Muxima (sec XVI- XVIIi) foi classificada Monumento Nacional pela portaria provincial nº dois, publicada no boletim da serie de 12 de Janeiro de 1924.

Turismo Religioso

A Igreja da Nossa Senhora da Conceição da Muxima, localizada na comuna da Muxima, a cerca de 130 quilómetros quadrados da cidade de Luanda, foi construída entre 1641 a 1648, após a transferência da imagem da Nossa Senhora da Muxima pelos holandeses para o local e é considerado um monumento nacional desde 12 de Janeiro de 1924  

O santuário é um dos pontos mais altos do município, fazendo com que em finais de Agosto e princípios de Setembro, a Vila da Muxima seja visitada por milhares de peregrinos, provenientes de todas as províncias de Angola, e de outros países do mundo, homenageando a padroeira do município da Quiçama.   

Significado histórico e cultural

Com significado histórico, nesta zona são encontrados, para além do Santuário da Nossa Senhora da Conceição da Muxima, a sede da administração municipal, o comando da Polícia Nacional e casas antigas, com um valor histórico e arquitectónico considerável, que deve ter os cuidados necessários para a sua conservação por parte dos proprietários.

Outro símbolo do município é o Mbondo ya tuma, ou embondeiro gigante e maravilhoso, situado na Estrada Nacional número 110, via Cabo Ledo, na aldeia de Galinda, tendo como significado tradicional “jorrar sangue”.

 “O acesso ao local é difícil, se não forem cumpridas as tradições da região que são dirigidas pelos mais velhos da aldeia”, segundo os populares.

O embondeiro servia também de local para o enforcamento de pessoas criminosas ou aquelas que tivessem cometido erros graves e fossem condenadas pelo Tribunal tradicional, razão pela qual a árvore é também considerada o símbolo do município.





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