Ramiros - Pelo menos 112, dos 400 artesãos que ocupavam o espaço do Centro de Artes do Museu da Escravatura, no distrito do Morro dos Veados, município de Belas, em Luanda, abandonaram o local devido a fraca procura.
Alguns procuram outras zonas de Luanda para comercializar as peças, enquanto outros adaptaram o sistema de pernoitar no local, para evitar os gastos de transporte, uma vez que o centro, no local há cinco anos, situa-se a 15 quilómetros à sul da cidade e 20 da sede do distrito dos Ramiros.
O artesão Pedro Nvunla, que exerce a actividade há mais de dez anos, lamentou a fraca procura das peças e a distância do centro. De acordo com o criador, o centro perdeu mais de 50 por cento dos clientes, comparativamente ao mercado do artesanato do Benfica, situação agravada pelo confinamento devido a pandemia da Covid-19.
Já João Clemente, vendedor há três anos no mercado, disse que, antes da pandemia, um quadro de pintura de um metro quadrado era comercializado a 100 mil Kwanzas, actualmente custa entre 50 a 30 mil Kwanzas.
A peça do pensador é a mais valiosa, custa entre 200 a 250 mil Kwanzas, a escultura que representa a mulher mucubal, com cerca de um metro de comprimento, é comercializada a cinco milhões de Kwanzas, enquanto a da palanca negra gigante custa cerca de cem mil Kwanzas.
Para minimizar a situação os artesãos, apelam a realização de eventos culturais no local.
O Centro de Artes do Museu de Escravatura comporta quatro áreas: de cestaria, pintura, escultura e trajes africanos e absorveu o antigo mercado do artesanato.