Lobito - A devolução do poder de compra dos trabalhadores, através da estabilização da economia e valorização da moeda nacional, está na base do caderno reivindicativo entregue há oito dias ao Governo pela União dos Sindicatos de Angola.
Essa informação foi avançada hoje, segunda-feira, à imprensa, pelo secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical, José Laurindo.
Segundo o sindicalista, que falava à margem da cerimónia de inauguração do edifício do Sindicato Provincial dos Trabalhadores da Educação, Cultura, Juventude e Desporto e Comunicação Social, na cidade do Lobito, a instituição não é apologista do aumento de salário, mas da valorização da moeda.
"A nossa renda mensal perdeu totalmente o seu valor de compra e estamos a tentar encontrar uma saída, através de negociações com o Governo", explicou.
Fez uma comparação em relação há quatro anos, onde cem mil kwanzas era equivalente a pouco acima de duzentos dólares americanos.
"Hoje, para conseguirmos juntar mil dólares, temos de acumular um milhão de kwanzas", afirmou.
De acordo com a UNTA - Confederação Sindical, a CGCILA e a Força Sindical, se a moeda nacional não for valorizada, os angolanos correm o risco de estar no linear da pobreza.
"Infelizmente a nossa moeda está indexada ao dólar. Quase tudo vem de fora e os preços dos produtos nacionais são quase iguais aos importados", lamentou.
Jose Laurindo anunciou um encontro com o Governo para mostrar as suas posições, estando convictos de um desfecho favorável para evitar situações piores, como uma greve na função pública.
Lamentou o facto dos Sindicatos não estarem representados na Assembleia Nacional, Conselho da República ou Conselho Económico, para dar a sua contribuição em nome dos trabalhadores.
SPTECJDCS já tem estruturas próprias
Em relação ao edifício construído de raiz, José Laurindo manifestou o seu regozijo, fruto do trabalho dos associadios.
"Em treze anos, construímos, a nível da provincia de Benguela, dezassete edifícios com fundos provenientes da contribuição dos associados", sublinhou.
Na província de Benguela, o SPTECJDCS controla 23 mil, 680 filiados.
Na ocasião, foi homenageado Abel Guilherme Teixeira Macedo, cujo nome foi atribuído ao edifício, pelas suas acções de formação e apoio aos primeiros sindicalistas nacionais, há mais de três décadas.
"Ele foi um percursor da criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, na qual, durante muitos anos, ajudou o nosso Sindicato com apoio material e financeiro, e bebemos muito da sua experiência, através de seminários de capacitação que nos levou a chegar onde estamos", revelou José Laurindo.
Por sua vez, a secretária do SPTECJDCS, Helena Franco, informou que a referida estrutura conta com cinco gabinetes para os serviços administrativos e dezoito quartos para hospedagem.
Segundo ela, o edificio vai beneficiar os filiados em circunstâncias de falta de comodidade e também hóspedes que vêm de outras paragens e necessitarem dos seus serviços, contribuindo na arrecadação de receitas para a instituição.
A inauguração do edifício esteve a cargo do vice-governador para a área Técnica e Infra-estruturas, Adilson Gonçalves.TC/CRB