Lubango - A necessidade da criação de plataformas construtivas de diálogo que permitam os cidadãos apresentar inquietações e reivindicações e os governantes responderem foi defendida hoje, sexta-feira, no Lubango, pelo presidente do Centro de Estudos para a Boa Governação (UFOLO), Rafael Marques.
O também jornalista, que falava no primeiro encontro sobre cidadania e segurança pública promovido pela UFOLO, visou promover um diálogo entre a sociedade civil e as forças de segurança.
O responsável afirmou que os modelos de diálogo devem surtir efeitos para começar a olhar para as autoridades não como opressores, nem os dirigentes olhar para os cidadãos como opositores, mas como indivíduos que estão no direito e dever de apresentar a sua insatisfação, quer por via da manifestação nas ruas ou qualquer outro tipo de reivindicações.
Declarou que a polícia deve ter um contacto permanente com os líderes cívicos e esses por sua vez devem estar melhor organizados para que em casos de manifestação ou de maior pressão social haja um canal aberto com as forças policiais para evitar actos de violência.
Referiu que, no caso dos activistas sociais, vão poder evitar actos que violem qualquer lei e que haja protecção da polícia para os cidadãos exercerem os seus direitos e deveres de forma segura, sendo que a segurança é importante para atrair investimentos, criar um clima de estabilidade e para fazer maior pressão para boa governação.
Conforme o palestrante, o país vive um momento de crise, sobretudo a económica, que mais preocupa o cidadão pela falta de emprego e dificuldades das famílias em alimentar os seus, questões que devem ser resolvidas de forma solidária, pois a ideia é ter um governo que sirva os cidadãos, os interesses da sociedade e que esteja aberto a ouvir.
“Vai permitir a crição de mecanismos de prevenção de violência, conflitos e criar mecanismos de solidariedade de entendimento sobre os direitos e deveres do cidadão que sejam efectivamente protegidos e respeitados, quer pelo governo, forças de segurança e pelos próprios cidadãos, pois também têm deveres”, continuou.
Frisou que o encontro é fundamental, pois o exercício da cidadania implica a existência de um quadro de segurança favorável de protecção e respeito dos direitos e deveres do cidadão, que só no debate consegue-se ultrapassar a desconfiança que existe entre os citadinos e órgãos de segurança e governantes.
Durante o encontro com a participação de 55 jovens activistas, Polícia Nacional, advogados, economistas, entre outros, foram debatidos dois painéis, nomeadamente “Conflito de direitos fundamentais - exercício de liberdade e segurança pública” e “Investimento e direitos fundamentais em contexto de crise - o papel da segurança pública”.
Benguela acolherá o segundo encontro do género neste sábado (28).
O Centro UFOLO foi fundado em 2019, visa contribuir para fazer da sociedade civil angolana um agente activo, com intervenção real nas acções do poder político e com influência efectiva sobre as políticas e as atitudes que determinam o futuro do país.
Tem a missão de garantir que da parte da sociedade civil haja um maior esforço e concertado para o exercício da boa governação, o que implica menos corrupção, governo a servir os interesses do povo, entre outros, que se precisa mostrar de forma mais organizada, inteligente e solidária.