Huambo - Doze milhões, 402 mil e 500 Kwanzas é o valor do prejuízo registado, nos últimos seis meses, pela Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) no Huambo, com a vandalização, por desconhecidos, de equipamentos eléctricos.
O facto foi tornado público, esta terça-feira, pelo director da ENDE na província do Huambo, José António da Cunha, quando falava no espaço Grande Entrevista da emissora provincial do Grupo Rádio Nacional de Angola, a sobre a situação do sector na província e os projectos em curso.
O responsável fez saber que os prejuízos em causa resultaram na danificação de mil contadores pré-pagos, 13 armários de baixa tensão, torres de média tensão, para além da rede de iluminação pública e outros equipamentos eléctricos, instalados para a melhoria do fornecimento de energia na região.
Conforme José António da Cunha, a situação da vandalização dos equipamentos do sector na província, “é extremamente preocupante” por causarem avultados prejuízos financeiros, que têm obrigado o Estado a reinvestir na mesma área, quando devia trabalhar para o alargamento da rede.
Acrescentou que, para além destas práticas, as puxadas anárquicas constituem, igualmente, outra preocupação da ENDE na província do Huambo, por ser uma realidade que vai ganhando contornos alarmantes, sobretudo, nas zonas periféricas da cidade.
Contudo, referiu que a ENDE tem trabalhado, em parceria com os órgãos afins, na identificação dos actores destas práticas e, consequentemente, participado ao Serviço de Investigação Criminal (SIC), para serem responsabilizados civil e criminal.
Apelou, por isso, à população para se abster destas práticas e a estar vigilante, denunciando todos os que insistirem na danificação dos bens públicos, principalmente do sector eléctrico.
Para além dos 12 milhões, 402 mil e 500 Kwanzas, José António da Cunha informou que a instituição tem, igualmente, o registo de prejuízo avaliado em cinco mil milhões de Kwanzas, resultante da dívida acumulada pelos clientes do sistema pós-pago.
Disse que os consumidores individuais ou domiciliares constituem os principais devedores, ao contrário das instituições públicas, empresas e organismos do sector privado.
Destacou como medidas a tomar neste sentido, o reforço da negociação e da cobrança coerciva para, em circunstâncias mais extremas, optar pelo corte no fornecimento.
Outra medida, segundo o responsável, deverá passar pela instalação de contadores pré-pagos em toda extensão da província do Huambo, um programa que será desenvolvido pelo Governo angolano que pretende adquirir cerca de um milhão de unidades destes equipamentos.
Falta de investimentos condiciona alargamento da rede
Noutra parte das suas declarações, o director da ENDE fez saber que a falta de investimentos no sistema eléctrico tem condicionado o alargamento da rede de distribuição de energia na província, com uma capacidade suficiente para beneficiar maior número de cidadãos.
O responsável disse que a ENDE controla, nesta região, apenas mais de 94 mil consumidores, uma cifra muito aquém do desejado, a julgar pela densidade populacional, estimada em dois milhões, 645 mil e 80 habitantes.
Referiu, a título de exemplo, que só o município do Huambo carece da instalação de 220 postos de transformação (PT), para além da extensão das linhas de baixa e alta tensão, para responder à demanda em termos de alargamento da rede eléctrica.
Neste momento, disse, apenas três municípios (Bailundo, Caála e Huambo) dos 11 que compõem a província estão interligados no sistema de energia eléctrica nacional, enquanto os demais beneficiam de energia de centrais térmicas e híbridas, cuja interligação aguarda por investimentos na criação de novas subestações e instalação das linhas de transformação.
Dos mais de 94 mil clientes, apenas 39 mil são do sistema pré-pago, enquanto os demais do pós-pago.