Mbanza Kongo celebra 4º aniversário de ascensão a património mundial

     Sociedade           
  • Zaire     Quarta, 07 Julho De 2021    12h51  
Exposição assinalou quarto aniversário da inscrição de Mbanza Kongo a Património Mundial
Exposição assinalou quarto aniversário da inscrição de Mbanza Kongo a Património Mundial
Pedro Vidal

Mbanza Kongo - A cidade de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, celebra quinta-feira, 8 de Julho, o 4º aniversário desde que foi elevada à categoria de Património Cultural da Humanidade.

A inscrição deste centro político-administrativo do antigo Reino do Kongo foi anunciada a 8 de Julho de 2017, na cidade de Cracóvia, sul da República da Polónia, no decorrer da 41ª sessão do Património Mundial da UNESCO.

O projecto, denominado “Mbanza Kongo, Cidade a Desenterrar para Preservar”, foi lançado em Setembro de 2007, nesta localidade, a que se seguiram anos de intensos estudos arqueológicos e outros, envolvendo especialistas nacionais e estrangeiros.

Volvidos quatro anos, desde a ascensão a esse estatuto, poucos progressos foram assinalados em Mbanza Kongo, por conta da crise económica e financeira mundial, aliada à pandemia da Covid-19.

Todavia, os munícipes e as autoridades locais acreditam ser possível tornar o potencial histórico e cultural em alavanca para o desenvolvimento sócio-económico da cidade, embora os factores exógenos acima referenciados.

Quem se manifesta optimista é o administrador municipal, Manuel Nsiansoki Gomes, que sonha por melhores dias, mas reconhece haver enormes desafios para a concretização deste desiderato.

Na sua opinião, a cidade secular ainda clama por projectos estruturantes nos mais variados domínios.

O gestor referiu-se, como exemplo, ao velho problema da malha rodoviária urbana, constituída na sua maior por vias de terra batida que contrastam com as poucas ruas já pavimentadas, onde a poeira e a lama continuam a fazer morada.

O responsável considerou ser solução a este problema, a concretização da segunda fase do projecto de pavimentação de vias urbanas desta cidade, prevista para breve, suportada pela linha de crédito do Reino da Espanha, já anuída pelo Executivo.

No âmbito deste plano está prevista a reabilitação de cinco quilómetros da malha rodoviária dos bairros periféricos, contra os sete quilómetros que haviam sido asfaltados na primeira fase que decorreu de 2014 a 2016.

O administrador de Mbanza Kongo falou também do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) em curso na região, com maior incidência para vias de comunicação.

Explicou que tal projecto inscrevia, inicialmente, obras de terraplanagem de 15 quilómetros de ruas periféricas da cidade, que agora poderão evoluir para asfaltamento de sete quilómetros, em função de reajustes introduzidos neste pacote.

O saneamento básico, o ordenamento do trânsito rodoviário, comércio informal, a preservação do património público, histórico e cultural complementam a lista dos desafios que a Administração de Mbanza Kongo espera vencer em colaboração com os munícipes.

Manuel Nsiansoki Gomes escusou-se a comentar sobre os grandes projectos previstos para esta cidade e que fazem parte de uma recomendação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A construção de um novo aeroporto, museu e a reabilitação das 12 fontes de água que circundam a cidade são algumas das acções recomendadas pela UNESCO, no quadro da inscrição do centro histórico de Mbanza Kongo na sua lista indicativa.

“Temos a certeza que com maior ou menor esforço, ao seu devido tempo, o Executivo vai cumprir com essas recomendações”, assinalou.

Breve historial do processo de inscrição de Mbanza Kongo

O projecto “Mbanza Kongo, Cidade a Desenterrar para Preservar” foi lançado nesta cidade em Setembro de 2007, durante uma mesa redonda internacional que abordou esta temática. Seguiram-se, depois, anos de intensos trabalhos de escavações arqueológicas.

Os especialistas nacionais e estrangeiros desenvolveram trabalhos de medição da fundação de pedras descobertas no local denominado “Tadi dia Bukikwa”, que se presumem ser do antigo palácio real, no centro da cidade.

Os estudos passaram também pelo levantamento de outros monumentos e sítios históricos: a missão católica, a casa do secretário do rei, o túmulo da Dona Mpolo (mãe do rei Dom Afonso I enterrada com vida por desobediência às leis da corte) e o cemitério dos reis.

O dossier de candidatura na UNESCO destacava como marco histórico o facto de o Reino do Kongo, cuja capital era Mbanza Kongo, ter sido um território perfeitamente organizado aquando da chegada dos portugueses, no século XV.

A área classificada de Mbanza Kongo compreende um conjunto, cujos limites se estendem a uma colina de 570 metros de altitude, compreendendo seis corredores que incluem ruínas e espaços.

O Reino do Kongo foi fundado no século XIII e dividia-se em seis províncias que ocupavam parte das actuais República Democrática do Congo, República do Congo, Angola e o Gabão. Detinha de 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências.

Mbanza Kongo é a capital da província do Zaire e tem uma população estimada em 155 mil habitantes.

População pede mais projectos sociais e habitacionais

Maria Suzana, munícipe, disse que apesar dos esforços envidados pelo governo provincial na melhoria das condições de vida da população local muito ainda falta por se fazer.

A interlocutora fala da necessidade de se prestar mais atenção aos serviços de saúde, com a construção de mais unidades sanitárias no município sede capazes de corresponderem com a demanda.

Aponta também o mau estado das vias periféricas da cidade, que de certa forma têm ofuscado a imagem da cidade património.

“Pelo estatuto que Mbanza Kongo ostenta há quatro anos, já deveria ter uma outra imagem, atraente e confortável. Infelizmente ainda coabitamos com a poeira e lama, sobretudo nos bairros periféricos onde vivem a maioria dos munícipes”, expressou.

António Guilherme, funcionário público, disse haver melhorias substanciais em termos de crescimento da cidade.

“Quando cheguei a Mbanza Kongo em 2004, só havia tapete asfáltico no casco urbano, mas hoje a realidade é outra. As principais ruas da zona periférica já dispõem do asfalto”, lembrou.

Sugeriu a construção, pelo Executivo, de uma centralidade para Mbanza Kongo, para que a velha cidade fique apenas para pesquisas e investigações históricas e científicas.

Por sua vez, Marlene Pereira, estudante universitária considerou a cidade de Mbanza Kongo como uma das mais atrasadas do país do ponto de vista de infra-estruturas.

Disse ter viajado constantemente pelo país adentro, mas a realidade encontrada nessas localidades, contrasta com o actual cenário desta cidade património.

“Acho que, o nosso governo deve olhar mais para a cidade de Mbanza Kongo, erguendo mais empreendimentos sociais e habitacionais capazes de concorrer em pé de igualdade com as demais cidades do nosso país”, referiu.

“Queremos uma nova cidade para que a velha se transforme apenas em um espaço de estudos arqueológicos e científicos”, concluiu.  

 

Angop/PMV/JL

 





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