Angola tem baixa taxa de penetração de internet

     Tecnologia           
  • Luanda     Domingo, 16 Maio De 2021    13h37  
Empresa produz torres de telecomunicações e de transporte e distribuição de energia eléctrica
Empresa produz torres de telecomunicações e de transporte e distribuição de energia eléctrica
Cedida

Luanda - A internet representa, actualmente, um dos meios mais utilizados para comunicação entre pessoas e instituições de todo Mundo, incluindo Angola, onde perto de 23 em cada 100 habitantes têm acesso ou faz uso desta ferramenta.

(Por Hermenegildo Manuel)

O número de subscritores de internet no país ronda os 6,8 milhões, de um total de    pelo menos 32 milhões, segundo projecções do Instituto Nacional de Estatística.

A procura pelos serviços de internet em Angola abriu um mercado apetecível e disputado por vários provedores, sendo que, nesta praça, concorrem, entre outros,  a Angola Cable, Angola Telecom, Infrasat, Unitel, Movicel, NetOne, ITA, TS2, Quantis, Businesscom Network e Tikona Digital Networks, TVCabo e ZAP.

Não obstante a abundância de provedores, o preço e a qualidade do serviço ainda    estão longe de satisfazer a maioria dos consumidores, que o consideram dispendioso, além de que seja bastante lenta a internet, seja para baixar conteúdos, ou, às vezes, para aceder a websites.

Em relação aos preços, os provedores praticam taxas diversas. A TVCabo, por exemplo, oferece planos mensais de internet “residencial” com taxas que vão de Kz 12.450 (1Mb) a Kz 91.150 (20 Mb). Já a Angola Telecom, primeiro provedor do mercado, tem pacotes para falar e navegar desde Kz 10.260 a 36.786 kwanzas.

A Movicel e a sua principal concorrente na telefonia móvel, Unitel, têm preços díspares para serviços de internet. A primeira, através dos pacotes Movinet, apresenta soluções de Net que vão de Kz 100 (100 Mb), para um dia, a Kz 18.000 (15 Gb) para 30 dias.

Já a segunda tem o plano Net ao dia, sendo que o mais barato custa Kz 200 e dá direito a 200 megabites. O mais alto é o plano Net 30 Gb comercializado a Kz 35.000.

Para alguns usuários, a internet no país ainda é muito cara e deficiente. Para outros, o custo é relativo, porém o serviço deve melhorar.

“A internet 4G é boa, mas é inaceitável que, com dois mil kwanzas (cerca de USD 3,00), só se consiga assistir a dois vídeos”, diz Catarina Joaquim, 41 anos, ao emitir sua opinião sobre os preços e a qualidade da internet no país.

A interlocutora explica que usa habitualmente a internet no telefone, navegando nas redes sociais e para serviço. Por força da pandemia da Covid-19, afirma que precisa cada vez mais de internet, porque passa mais tempo em casa.

Por sua vez, Dinis Daniel, outro interlocutor, afirma que o grande problema da internet em Angola não está nos preços, mas na qualidade dos serviços.

Pandemia força trabalho remoto

As empresas e os indivíduos tiveram que se adaptar à nova realidade, recorrendo mais à internet para trabalho em casa, uma vez que as instituições reduziram a força de trabalho para evitar contágios em massa pela Covid-19.

Profissionais como jornalistas, publicitários, professores, executivos e bancários estão a socorrer-se da internet, oferecendo reportagens, vídeo-aulas, reuniões online por diferentes funcionários, transações bancárias e as publicidades online.

Na última quinta-feira, 13 de Maio, por exemplo, um colégio de Luanda suspendeu as aulas presenciais por registar um caso de Covid-19 e anunciou aulas por via da internet.

As empresas jornalísticas, fundamentalmente aquelas que trabalham com páginas Web, têm preferido que os profissionais prestem serviços a partir de casa, evitando riscos.

Essa nova cultura imposta pela pandemia, embora distancie fisicamente as pessoas, as aproxima por via da internet. As pessoas gastam mais tempo na net (redes sociais) e, consequentemente, têm mais necessidade de dados para se comunicar.

A pandemia trouxe ganhos económicos para algumas empresas, como a Ensa e a Nossa Seguros, que anunciaram, em Abril e Maio, resultados positivos, influenciados pelo baixo nível de sinistralidade rodoviária e outras situações.

Tipos de internet

Angola dispõe de internet providenciada por fibra óptica, satélite e a cabo. Nesta altura, há uma estratégia para aumentar a capacidade da banda larga no país, que prevê continuar a desenvolver infra-estruturas do sector, construir a rede nacional com cinco milhões 767 quilómetros de fibra e reparar um milhão e 553 quilómetros de cabos.

A rede de fibra óptica estará interligada com a infra-estrutura de micro-ondas e, para tal, numa extensão de 3.211 quilómetros serão erguidos 113 sites.

A propósito do assunto, o economista Olavo Quintas entende que o Governo devia criar facilidades político-legais, bem como investir mais em infra-estruturas que sirvam de base para as iniciativas privadas (internas e externas) de investimento no sector das tecnologias de informação e comunicação (TICs).

A velocidade média de banda larga em Angola registou melhorias consideráveis nos últimos anos, tendo passado de 1.05 Mbps, em 2017, para 4.15 Mbps, o que levaria em média 2 horas e 44 minutos para efectuar o download de um filme de 5 GB.

Os dados constam de uma pesquisa de 2020 projectada pela Cable.co.uk em colaboração com o projecto M-Lab, que analisou a velocidade média de banda larga do mundo, tendo como variáveis a velocidade média de download e o tempo médio que se levaria num determinado país para efectuar um download.

O referido estudo descobriu que a velocidade média de download a nível global é de 24,84 megabits por segundo (Mbps).

As projecções do relatório, que analisou cerca de 221 países, indicam que Angola ocupa a posição 171 em termos de velocidade média de banda larga do mundo, por levar em média 2 horas e 44 minutos para efectuar o download de um filme de 5 GB.

O documento diz que a melhor posição no continente africano é ocupada pelo Madagáscar (posição 77ª a nível global e 1ª em África), com uma média de 18 Mbps, levando cerca de 37 minutos para efectuar o download de um filme de 5 GB.

A segunda posição é ocupada pela África do Sul, com uma média de 14.4 Mbps, seguindo-se a Turquia, que tem uma média de 8.86 Mbps.

Custos da internet na Região Austral

Um estudo sobre empreendedorismo digital em África da União Africana (UA) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Angola ocupa a 3ª posição dos países com custos de acesso à internet mais caro na África Austral.

O documento indica que a África Austral está a testemunhar uma transformação digital em alta velocidade, em países como Botswana, Eswatini, Lesotho, Namíbia e a África do Sul, que está a liderar a transformação digital, tendo reduzido as altas taxas de desemprego.

Refere que as barreiras actuais em infra-estruturas, habilidades e acessibilidade tendem a aumentar a exclusão digital, sendo que os 40 por cento mais ricos da população têm duas vezes mais possibilidades de ter acesso à internet.

A pesquisa indica que Angola ocupa a 10ª posição numa lista de 12 países com a internet mais barata da região. Embora a região conte com 25 grandes Data Centers (dos quais 21 deles estão implantados na África do Sul, três em Angola e um no Zimbabwe), Angola, Malawi, Moçambique, Zâmbia e Zimbabwe, permanecem nas fases iniciais da digitalização, com mais de 25% da população a ter acesso à internet.

Expansão dos negócios digitais

Os pequenos empreendedores que apostam no negócio digital precisam ter em atenção que o mercado cresce de forma considerável, segundo dados disponibilizados pela empresa Digital Global Digital Overview”, realizado pela We Are Social  e a  Hootsuite.

Os dados apontam que cerca de 14,60 milhões de angolanos têm um telefone com capacidade para aceder à internet,  subida percentual de 46% comparando com ano anterior. Avança, igualmente, que o país tem cerca 2,20  milhões de usuários activos nas redes sociais, gastando em média 3 horas e 43 minutos na internet/dia.

A análise concluiu que cerca de 55 por cento dos usuários acedem à internet por via dos aparelhos móveis, enquanto computadores portáteis e de mesa correspondem a 43,3% de usuário, querendo dizer que um número bastante reduzido dos usuários acede por via tablet, correspondendo apenas a 1,7 por cento dos usuários.

Embora o Estado tenha feito, na última década, investimentos avultados no domínio das telecomunicações e tecnologias de informação, com os cabos de fibra óptica e satélite, a taxa de penetração da internet ainda é muito baixa. Grande parte dos 6,8 milhões de consumidores de net no país actua mais nas redes sociais.

É importante que seja mais aproveitada para negócios, criação de empregos, inclusão social, prestação de serviço na administração pública e formação da população.





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