Luanda - A falta de financiamento por parte de investidores dos sectores público e privado tem inviabilizado o avanço de projectos de investigação científica. que podem alavancar a economia do país, consideraram, esta segunda-feira, em Luanda, alguns inventores.
Em declarações à ANGOP, à margem da sétima Conferência Nacional sobre Ciência e Tecnologia (CNCT) e da segunda Edição da Feira de Ideias, Invenção e Inovação de Base Tecnológica (FieBaT), os inventores e expositores lamentaram a falta de apoio financeiro, que causa a paralisação dos projectos que poderiam auxiliar na diversificação económica do país.
De acordo com o estudante do Instituto Politécnico da Caála, Manuel Sataleco, inventor de um sistema de rega inteligente, a investigação científica é fundamental no desenvolvimento sustentável de um país e crescimento das sociedades.
"Desde 2019 que participamos da feira, sendo que, até ao momento, não temos financiadores para o desenvolvimento, produção e venda alargada do produto, contando apenas com o apoio da universidade", explicou.
Por sua vez, o criador de um simulador de eficiência energética, João Gomes, considerou que tem faltado crença nos projectos nacionais, por parte dos investidores angolanos.
"Ainda existe pouco reconhecimento da capacidade e eficácia dos produtos nacionais, devido aos hábitos de que o melhor vem de fora do país", disse.
João Gomes referiu que o seu projecto permite simular o comportamento do sol sobre uma determinada residência, dependendo da incidência solar marcada com led, de forma a saber qual a parede que recebe mais sol ao longo do dia, reguladando assim o calor e a dimensionar o uso de ar condicionado.
O inventor Marcolino Canganjo, que expõe três dispositivos ligados a higienização electrónica para as mãos, lamentou o facto do empresariado nacional não apostar na área da investigação científica e tecnológica.
Segundo disse, o país já recebeu cerca de 50 medalhas de ouro, bronze e prata, como prova da sua capacidade criativa, intelectual e académica, mas ainda assim sente pouco apoio dos nacionais.
Já o docente universitário do curso de engenharia industrial da Universidade Rainha Nginga Mbande, Ridoc Gonga, a divulgação dos produtos nestas feiras pode sensibilizar os cidadãos a apostarem cada vez mais nos produtos nacionais.
Participam da edições da CNCT docentes universitários e investigadores científicos da África do Sul, Botswana, Moçambique, Zimbabwe, Espanha, França, Portugal, Brasil, Canadá, Cuba, EUA., China e Macau, bem como representantes de organizações internacionais.