Operadoras capricham para assegurar clientes

     Tecnologia           
  • Luanda     Terça, 17 Maio De 2022    07h22  
Empresa produz torres de telecomunicações e de transporte e distribuição de energia eléctrica
Empresa produz torres de telecomunicações e de transporte e distribuição de energia eléctrica
Cedida

Luanda – Com o início efectivo das operações da Africell, a 7 de Abril último, o mercado das telecomunicações e de telefonia móvel tornou-se mais competitivo e dinâmico em Angola, obrigando as operadoras a inovarem, para alargarem ou preservarem a sua rede de clientes.

Por Leopoldino Pertence e Moisés da Silva

Apesar das inovações, registam-se, nos últimos meses, perturbações quase sistemáticas na rede das diferentes operadoras: a nova “patente” britânica, a Unitel e a Movicel, situação que gera dúvidas junto dos utentes em relação às melhores e mais fiáveis opções do mercado.

Sendo certo que as três operadoras são válidas e estão a ser solicitadas, não deixa de ser assinalável, por esta altura, o facto de o surgimento da Africell forçar as concorrentes directas a “reinventarem-se”, para não perderem clientes e verem reduzir, paulatinamente, as receitas.

Desconhecida de grande parte dos utentes nacionais, a Africell tem vindo a investir forte na sua campanha de marketing, nos serviços (planos de voz/dados), praticando baixos preços,  gratuidade na comunicação entre utentes da mesma rede, entre outros serviços.

É, pois, irrefutável, que a empresa trouxe motivação extra às operadoras concorrentes, que ainda estão a comunicar em 3G e 4G, apesar de receberem do INACOM (entidade reguladora), recentemente, as licenças para o serviço 5G, considerado, por muitos, de sistema tecnológico invasivo e que promete mudanças na vida social em 5D.

Trata-se, efectivamente, de uma nova revolução nesse dinâmico sector em Angola, onde ainda paira a dúvida sobre quem será a primeira operadora de telefonia móvel a proporcionar aos seus clientes este serviço tão aguardado pelos clientes.

Pretende-se com a tecnologia 5G, assegurar maior rapidez da Net, custos mais baixos e facilidade de acesso e durabilidade dos planos.

Além da Africell, o teletrabalho também está a fomentar essa renhida disputa entre as operadoras, que vão ajustando os planos de voz e dados, assim como praticando preços mais ou menos ao alcance dos “bolsos” dos cerca de 15 milhões de utentes de telemóveis.

Para lançar-se no mercado angolano e dar cobro à concorrência, a Africell investiu cerca de 100 milhões de dólares norte-americanos, contabilizando já cerca de 2 mil clientes desde o início de operações, e 400 mil kwanzas pelos contratos com os cidadãos.

Trata-se de uma firma criada no Líbano, dirigida actualmente a partir da capital britânica, que  angariou, nos últimos cinco anos, 324 milhões de Euros de entidades como a Agência de Investimento norte-americana US International Development Finance Corporation.

Segundo informações, estes valores resultaram, também, dos fundos Gemcorp e Helios Investment Partners e da International Financial Corporation, que faz parte do Banco Mundial.

Em Angola, tornou-se na terceira operadora de telefonia móvel e a quarta, no geral, depois da Movicel, da Unitel e da Angola Telecom.

Números, produtos e planos    

Dados apontam que 15 milhões, dos quase 32 milhões de habitantes em Angola, têm um telefone com capacidade para aceder à internet, subida percentual de 46% comparando com o ano anterior.

Contudo, o país tem perto de 2,20 milhões de usuários activos nas redes sociais, gastando em média/dia 3 horas e 43 minutos na internet.  

Os números indicam que cerca de 55% dos usuários acedem à internet por via dos aparelhos móveis, enquanto computadores portáteis e de mesa correspondem a 43,3% de utilizadores.

Entretanto, ainda é bastante reduzido o número dos usuários que acedem via Tablet, correspondendo apenas a 1,7% dos internautas.  

Enquanto isso,  o Instituto Angolano das Comunicações indica que em 2019 o número de subscritores de serviços de telemóvel tinha recuperado, pela primeira vez, em cinco anos, aumentando 12% relativamente a 2018, para 14,8 milhões.

Por sua vez, a taxa de penetração passou de 45% para 49%.

A Unitel domina o mercado, com cerca de 80%, à frente da Movicel, que tem cerca de 20%, enquanto que a Angola Telecom (empresa estatal em processo de privatização) possui apenas uma posição residual, num mercado que se espera crescer muito mais, com a competitividade a aumentar lealmente.

Portanto, desde o dia 7 de Abril último, o subsector das telecomunicações Angola está muito mais animado, com a estreia da terceira telefonia móvel, que traz, entre outras novidades, comunicação gratuita entre intervenientes da mesma rede e preços reduzidos até 50%, em comparação aos praticados actualmente.

Singularmente, a Unitel oferece o Tarifário Baza (fala a custo zero na mesma rede), os planos Redes Sociais 1GB (válido por 7 dias, 500 km); “Mais ágil” (7dias por 2000 km); “Mais leve” (7 dias por 500 km), além do “Semana laranja, Navega a dobrar” (net ao dia 100 MB por 1000kz, 200 MB por 200kz, 400 MB por 350kz, 1GB por 700kz).

A Movicel dispõe dos planos “karga Nice” (30 dias por 2000kz); “Flex” por 500kz; “Kamba 3” (por 1.500kz, 30 dias), “Kamba 10” (30 dias por 5000kz), “Karga tudo” (30 dias com 10, 40 e 50 unidades de voz), e outros planos mensais a partir 2500 (“Kuia”, “Kuia mais” e “Tá-kuiá”, a partir de 100, 200 e 500 km, respectivamente).

Já a Africell tem planos de voz, SMS e dados, distribuídos pelos pacotes “Combo Semana” (15GB+500mns+500sms por apenas 1200kz durante 7 dias); “Fala Bué Mensal” (500MB+1000mns+1000sms por 1800 kz, durante 30 dias); “Mega Fala Bué Mensal” (3GB+1500mns+1500sms por 3200 kz durante 30 dias).

Como nova e com vista a apresentar serviços diferenciados face aos concorrentes directos, essa firma, cujo sócio maioritário é norte-americano, colocou também ao dispor dos “telecomunicadores” o plano “Net Essencial Mensal” (4GB+1500mns+1500sms por 4000 Kz durante 30 dias), com o chip a custar 200 Kwanzas.

Guerra económica e tecnológica

Segundo o economista Alberto Borges, com a entrada da nova operadora vai-se assistir a uma possível guerra de preços entre três dos quatros players do mercado, impulsionando a melhoria dos serviços e a reengenharia dos modelos de criação e entrega de valores pelas operadoras, além de promover o bem-estar dos consumidores.

“O que estamos a ver é que a nova operadora se apresenta com uma política de penetração muito agressiva, baseada no preço. Normalmente, uma estratégia desta natureza pode estribar que esta venha a operar um modelo de criação e entrega de valores ao mercado que é relativamente mais eficiente e económico”, antevê.

Porém, alerta para o facto de, diferente dos concorrentes que já se estabilizaram, poder ser apenas uma medida temporária para forçar a uma redistribuição da quota de mercado, tendo em conta que esse mosaico já é mais ou menos saturado.

Neste último cenário, comenta o especialista, não é expectável que os preços que está a praticar actualmente se mantenham por muito tempo.

Entretanto, embora a Unitel e a Movicel sejam as pioneiras, tem-se notado algum desequilíbrio em termos de qualidade de sinal, com a primeira empresa a evidenciar-se positivamente, porque, segundo especialistas, não bastam os melhores pacotes.

Os investimentos técnicos e tecnológicos são importantes para a garantia da qualidade do sinal.

Sustentam que, com a entrada da Africell, está-se agora diante de um verdadeiro palco para mostrarem todo o poder de penetração e criatividade, com vista a oferecerem serviços aliciantes como o “fala grátis”, desta última companhia, que obrigou a Unitel a lançar o plano “Baza”, num segundo chip e não acoplado aos em uso.

Conforme especialistas, mais do que venderem produtos e serviços, estas devem, de igual modo, redobrar a aposta nos recursos humanos, um dos pontos fortes da Unitel, que dispõe de uma academia onde são formados estudantes dos cursos de engenharia/tecnologia, para, progressivamente, irem sendo inseridos no quadro de pessoal técnico.

A esse respeito, a Angola Telecom (a primeira de facto no país e a única que não possui serviço móvel) parece ser privilegiada e estar bem servida nesse quesito, uma vez que tem “prioridade absoluta” no recrutamento de estudantes formados ou em formação no Instituto Médio de Telecomunicações (ITEL) e nas várias faculdades públicas.





Fotos em destaque

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

Sábado, 20 Abril De 2024   12h56

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Sábado, 20 Abril De 2024   12h48

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Sábado, 20 Abril De 2024   12h44

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Sábado, 20 Abril De 2024   12h41

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Sábado, 20 Abril De 2024   12h23

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Sábado, 20 Abril De 2024   12h19

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Sábado, 20 Abril De 2024   12h16

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Sábado, 20 Abril De 2024   12h10

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Sábado, 20 Abril De 2024   12h05

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Sábado, 20 Abril De 2024   11h58


+