Luanda - O embaixador do Reino de Espanha em Angola, Manuel Lajarreta, considerou segunda-feira, em Espanha, que a rota de voos directos Luanda -Madrid, é mais um passo no reforço das relações de cooperação entre os dois estados.
Abordo do voo inaugural de ligação Angola e Espanha, da companhia de bandeira nacional TAAG, o diplomata espanhol afirmou que, além do estreitamento político, a rota aérea vai permitir potenciar as trocas comerciais, empresariais, culturais, turísticas e o intercâmbio interpessoal.
Segundo o mesmo, este momento histórico é resultado da visita do primeiro-ministro espanhol, a Angola, e do Presidente João Lourenço ao Reino de Espanha, em 2021, onde manifestaram a necessidade estratégica estreitar as relações entre os dois Estados.
Sobre a operacionalidade desta rota, com dois voos semanais (quinta -feira e domingo), o embaixador considerou também de alternativa para o tráfego de passageiros, não só de Angola, bem como cidadãos da África Central, com o benefício de conexão para mais de 143 destinos entre a Europa e as americanas do Sul e do Norte.
Por sua vez, Rui Carreira, administrador não executivo da TAAG, disse que a abertura desta rota representa a adaptação da companhia de bandeira nacional, face as constantes mutações que o sistema da aviação civil tem sofrido nos últimos anos, sobretudo desde o aparecimento da Covid-19 no mundo.
Neste contexto, explica o responsável, a TAAG, está e precisa de se adaptar ao actual mercado da aviação civil global, para continuar a se manter e evitar o seu desaparecimento, como as mais de 500 que não suportaram os choques da pandemia.
Em breves palavras, António Pimentel, representante da Iberia, uma das companhias aéreas espanholas, disse que esta parceria com a TAAG traz inúmeras vantagens para os dois povos.
Na ocasião, o embaixador de Angola no Reino de Espanha, José Luís de Matos, augura que esta rota venha a produzir os melhores resultados, em breve, uma vez que Angola tem uma economia emergente e com um ambiente de negócio bastante atraente.
Já a Alexandrina Neto, directora adjunta do Instituto de Fomento Turístico (Infortur), acredita que a rota em referência vai atrair mais turistas de ambas os lados, por se constituir uma placa giratória para 160 destinos, quer seja para a Europa, Angola e África.
O boeing 777-300/D2-TEK, que inaugurou a rota Luanda-Madrid, foi dirigido pelo comandante, Magalhães Nunes, e transportou 121 passageiros, dos quais 40 convidados e 81, com bilhetes comerciais.
Os passageiros
Flávio Quintas, de nacionalidade angolana, disse que aproveitou a abertura da rota para conhecer a cidade de Madrid, em companhia da família.
“ As férias pessoais e das filhas, na escola, contribuíram para a decisão de fazer parte da história e prestigiar a minha família, nesta viagem inaugural, fazendo turismo”, asseverou.
O médico espanhol Salomon Diaz, a trabalhar em Angola, mas com a família em Espanha, considerou de uma grande valia a rota Luanda-Madrid, pois cessa o período das escalas técnicas e os custos adicionais sobre o preço final do bilhete de passagem.
Os músicos angolanos Gelson Castro e Ho-Chi-Fu enalteceram a efectivação da rota porque vai possibilitar um maior intercâmbio no campo da cultura entre os dois países.
Sobre a TAAG
A TAAG foi criada em 1938 como DTA - Divisão dos Transportes Aéreos da Direcção dos Serviços de Portos, Caminhos-de-Ferro e Transportes de Angola.
Segundo dados históricos, as suas operações iniciaram-se, de facto, em 1940.
Nessa fase inicial, utilizava-se os aviões Dragon Rapide, Klemen e Leopard Moth, tendo como primeiras linhas regulares activas Luanda-Moçâmedes e Luanda-Lobito.
Os primeiros voos internacionais faziam o percurso Luanda-Ponta Negra (Congo Brazzaville).
A partir de 1948 passa a utilizar-se os aviões do tipo Douglas DC-3, e 14 anos mais tarde (1962), adquire-se o primeiro aparelho do tipo Fokker Friendship (Fokker F27).
Em 1973, a DTA transforma-se em empresa de capital misto com a designação de TAAG – Transportes Aéreos de Angola, S.A.R.L., com capital maioritário do Governo, 30 por cento da TAP (Portugal) e o restante repartido por empresas privadas.
Até à Independência de Angola (em 1975), além do acrónimo TAAG, os aviões usados na altura identificavam-se com as cores branca, faixas horizontais verdes, sombreados pretos e o símbolo da palanca negra gigante, uma identidade totalmente alterada.
Dessa data para os dias de hoje, a companhia passou de Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada (SARL) à Unidade Económica Estatal (UEE), depois à Empresa Pública (E-P) e, agora, à Sociedade Anónima (SA), como vanguarda do transporte aéreo angolano, cuja actividade se processa há 81 anos.
Em Setembro de 2019, começou o processo de privatização da operadora, por força de um Decreto, assinado pelo Presidente da República, João Lourenço, anuindo à transformação desta em Sociedade Anónima (SA).
