Benguela – Três anos depois de terem chegado de Singapura, os três comboios automotores, DMU´s (Unidade Múltipla Diesel), iniciaram esta terça-feira, 16, o serviço interurbano de transporte de passageiros entre as cidades de Benguela e do Lobito.
Provenientes da República de Singapura, no sudoeste da Ásia, estas três automotoras modelo DMU’S viriam a ser descarregadas a 15 de Abril de 2020, de um navio de bandeira chinesa para o cais do Porto do Lobito, para reforçar e inovar a frota de material circulante da empresa do Caminho de Ferro de Benguela (CFB).
De lá para cá, houve vários adiamentos, justificados, em certa medida, com algumas obras nas estações, para a elevação das rampas fixas de acesso dos passageiros às portas automáticas destes comboios, que, à semelhança de Luanda, começaram já a circular no tráfego urbano e suburbano de Benguela e Lobito.
Comumente conhecidas como DMU´s, estes comboios modernos - cada unidade de quatro veículos tem capacidade de 696 passageiros, isto é, 190 sentados e 506 em pé, podem atingir a velocidade de 100 quilómetros por hora, o que permitirá reduzir a viagem de pouco mais de 30 quilómetros entre Benguela e Lobito em cerca de 30 minutos.
Falando na Estação Ferroviária de Benguela, no lançamento do novo serviço “Ombaka Express”, a operar pelas DMU´s, António Manuel Cabral, presidente do Conselho de Administração do CFB, acredita que, depois de todos os acertos técnicos e operacionais, o transporte ferroviário interurbano de Benguela para o Lobito e vice-versa dá um salto qualitativo com a introdução destes equipamentos modernos.
Sem esconder a emoção perante várias individualidades presentes no acto, com destaque para o presidente da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), Énio Costa, António Manuel Cabral reiterou o compromisso do CFB de melhor servir os passageiros que diariamente se deslocam para as duas cidades, sem descurar os pontos intermédios, como a vila da Catumbela.
Segundo o PCA do CFB, as DMU´s são equipamentos especializados para o transporte ferroviário interurbano de passageiros que, além da sua velocidade, segurança e comodidade, emitem baixos níveis de poluição sonora do que outros comboios tradicionais que vinham sendo utilizados nesta rota.
Da mesma sorte, ressaltou que a capacidade de aproximadamente 700 lugares representa mais 70 porcento da capacidade oferecida pelas antigas locomotivas, que ao longo de muitos anos serviram esta linha interurbana para garantir a mobilidade dos passageiros.
CFB preocupado com vandalização dos comboios
Na ocasião, António Manuel Cabral solicitou das autoridades policiais da província de Benguela a redobrar esforços na segurança pública, de tal sorte que se evitem incidentes e acidentes provocados por indivíduos que, em geral, se penduram perigosamente nos comboios enquanto estes circulam.
Do mesmo modo, pediu à população uma melhor colaboração, evitando situações que possam prejudicar o regular programa diário do transporte ferroviário por via das DMU´s na linha Benguela/Lobito e Lobito/Benguela.
Preocupado com os actos de apedrejamento dos comboios que se têm verificado, chamou a atenção das autoridades tradicionais dos dois para sensibilizarem os jovens, de forma a se pôr fim ao fenómeno da vandalização dos bens públicos.
“O comboio é novo. Fica mal aparecer com os vidros partidos. É uma tarefa que é nossa: preservar aquilo que foi adquirido com muito sacrifício”, insistiu.
Agora, o CFB entra numa nova era de transporte interurbano com grandes benefícios para os passageiros, graças ao investimento do Ministério dos Transportes na aquisição destas automotoras, como reconheceu o PCA daquela empresa.
Inauguração coroa sacrifício
Guilherme de Sá, representante da empresa ZAGOPE, fornecedora do projecto, explicou que estas unidades a diesel representam, sem dúvidas, um ganho no que respeita ao transporte de passageiros de modo mais seguro, confiável e confortável, para a sua satisfação.
Por isso, olha para a entrada em funcionamento dos novos comboios na rota ferroviária Benguela-Lobito e vice-versa como algo extraordinário e que acaba por coroar o enorme trabalho realizado até agora.
Guilherme de Sá também destaca o envolvimento de todas as equipas, desde o Ministério dos Transportes, Governo Provincial de Benguela e a empresa do Caminho de Ferro de Benguela, porquanto deram o seu melhor na viabilidade de um projecto tão significativo e importante para o desenvolvimento local.
A seu ver, a inauguração das DMU´s em Benguela é fruto de muito trabalho cujos ganhos são a modernização através da intermodalidade, a redução do impacto ambiental e dos custos operacionais.
A expectativa é de que este trabalho contribua para o aumento da qualidade de vida na região e para a melhoria de toda a cadeia logística, concluiu a fonte. JH/CRB