Lobito - O transporte de passageiros no troço Lobito-Benguela, através das Unidades Múltiplas Diesel do Caminho de Ferro de Benguela(CFB), já está a trazer benefícios à população, afirmou esta sexta-feira o seu Presidente do Conselho de Administração, António Cabral.
Falando a jornalistas à margem da cerimónia de aniversário da companhia, o PCA afirmou que, não obstante este facto, a sua direcção tem a intenção de repor a antiga composição para levar toda mercadoria da população camponesa interprovincial para as zonas de consumo.
"Para isso, vamos colocar poucas carruagens e mais vagões", explicou.
Para justificar a ausência destas composições, Antonio Cabral disse que as suas carruagens têm as rodas gastas e está-se a fazer diligências para enviá-las para a Africa do Sul para reparação.
Com a entrada em funcionamento do Consórcio " Atlantic Railway", o CFB vai ficar apenas com o transporte de passageiros e pequenas mercadorias.
Segundo o PCA, o consórcio estima transportar anualmente um milhão de toneladas de carga de grande porte, contra as actuais 300 mil, transportadas pelo CFB.
"A dinâmica vai ser praticamente económica porque o concessionário, além da economia interna vai impulsionar as cargas que vêm dos Congos e da Zâmbia, que neste momento ainda é fraca", acrescentou.
Sobre investimentos, disse que o ramal Ruacano-Jimbi, localidade fronteiriça à Zambia, vai trazer mais-valia para a troca de mercadorias entre os dois países e, se o consórcio se comprometer em construí-la, vai explorar até 50 anos.
Anunciou que o futuro ramal que vai ligar Luena a Saurimo também já está em estudo.
Em relação às infra-estruturas da companhia, referiu-se à reabilitação dos Hospitais do Lobito e do Huambo e à construção de um posto médico no Luena.
Questionado sobre a situação dos trabalhadores, garantiu que ninguém ficará sem emprego.
Explicou que além do concessionário explorar a mercadoria de grande porte, vai também responsabilizar-se pelas infra-estruturas e neste caso, parte dos trabalhadores ficarão sob sua responsabilidade.
Entretanto, o CFB necessita de muitos trabalhadores, segundo o PCA.
A título de exemplo, disse que apenas 50 por cento das estações estão guarnecidas.
O CFB completou hoje 121 anos de existência, desde o seu surgimento em 1902 devido a necessidade da construção de uma linha férrea que atingisse países encravados como a República Democrática do Congo e Zâmbia.
Essa linha teve como propósito a transação de mercadorias e consequentemente a construção do Porto do Lobito para escoar os produtos vindos desses países para a Europa e Américas, através do oceano Atlântico.
O CFB tem uma linha férrea com mil 344 quilómetros de extensão, do Lobito ao Luau, e 67 estações, divididas entre as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico. TC/CRB