Cameia - As carruagens dos comboios do Caminho de Ferro de Benguela (CFB) continuam sobrelotados, colocando em risco centenas de vida dos passageiros, constatou, esta quarta-feira, a ANGOP, durante uma viagem no trajecto Luena/Luau e vice-versa.
Esse cenário verifica-se numa altura que vigora, a partir de hoje (quinta-feira), a nova medida da companhia, que proibe o embarque de passageiros sem bilhetes, para melhor prestação de serviços aos passageiros.
De acordo com o aviso 03 do CFB, a proibição entrou em vigor pelo facto de tal atitude resultar na "má ocupação dos lugares no interior das carruagens, incluindo dos espaços nos corredores e quartos de banho, sob pena de pagar uma multa de 15 mil kwanzas".
Entretanto, apesar deste aviso, a sobrelotação continua a ser um facto, sendo que os passageiros estão a ter acesso às carruagens, rompendo as barreiras de segurança, para se instalar nas locomotivas.
No interior das carruagens, os passageiros aturam uma viagem com mais de seis horas de pé, ocupando os corredores e as casas de banho desprovidos de condições de higiene.
Recentemente, em declarações à ANGOP, o representante desta empresa pública no Moxico, Augusto Funete, admitiu que o CFB está sem capacidade para atender a elevada procura de passageiros na rota Luau/Luena/Moxico/Huambo.
Neste período do ano, a empresa viu reduzida, há três meses, o número de carruagens neste trajecto de cinco para três diários, provocando inúmeras dificuldades à população, que tem os comboios como único meio para efectuar viagens nestas regiões, por falta de estrada asfaltada.
Atualmente a capacidade de transporte reduziu quase a metade, passando de dois mil 700 anteriores, para mil 380 passageiros semanais, correspondendo a 18 carruagens semanais, contra as trinta anteriores.
No trajecto Cuito/Luena/Luau e vice-versa, a companhia está a operar apenas com três carruagens, com menos de 60 lugares cada.
“Os vagões não são suficientes para satisfazer a demanda dos passageiros, o que impossibilita transportar toda gente”,justificou Augusto Funete.
Segundo o responsável, problemas operacionais e técnicos estão na base da escassez de carruagens para o transporte de clientes e mercadorias na circunscrição.
Com mil e 300 quilómetros de linha, o Caminho de Ferro de Benguela se estende da província de Benguela ao Luau, na província do Moxico, sendo o meio de transporte mais utilizado na ligação, entre a região Centro-Sul e o Leste do país. TC/YD