Luanda - O actual presidente do Sindicato dos Controladores do Tráfego Aéreo (SINCTA), Nuno Francisco, informou, neste sábado, que em Angola observa-se uma tendência de controladores aéreos emigrarem para para o exterior do país, em busca de melhores condições sociais, de trabalho e sobretudo salarial.
“É muito preocupante se perdermos a capacidade de pressão de serviço. Comparando o que se ganha hoje e o que se gasta a nível de custo de vida, mais vale tentar a sorte com as outras valências que temos em outras paradas”, disse Nuno Francisco.
O sindicalista que substituiu no cargo José Mendes de Pitra, falou à Angop, via videoconferência, à margem da cerimônia de tomada de posse dos órgãos sociais e directivos da Associação Angolana dos Controladores Aéreos (AACTA) e do SINCTA-Sindicato dos Controladores do Tráfego Aéreo.
Ainda sobre os salários, o sindicato diz estar a pensar, muito seriamente, no ordenado dos trabalhadores, influenciado negativamente pela desvalorização do Kwanza face ao Dólar, augurando-se que o mesmo seja pago nesta moeda estrangeira.
Tal intenção, para o SINCTA, é possível, olhando para a facturaço em dólar da Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENNA.EP), entidade patronal na qual estão inseridos os controladores aéreos, cujo trabalho incide sob o tráfego internacional.
Atentos também com o comportamento do dólar no princípio de 2019 e meados, cotado no mercado interno em 350 kwanzas e hoje, com oscilações entre os 700 a 800 kwanzas, ou seja, enquanto a factura da ENNA.EP cresce com a desvalorização, o salário do controlador do tráfego aéreo desvaloriza-se.
“É um fenômeno que vamos tentar entender e buscar soluções para que voltemos então. Como já foi recomendado para alguns sectores da nossa económica, asseguramos o nosso salário, tendo como referência o dolar”, avancou.
Em 2014, acrescentou Nuno Francsco, tinham um outro poder de compra, mas hoje, o ordenado dos controladores do tráfego aéreo está em torno de mil a mil e 100 dólares, o que não satisfaz as aspirações dos trabalhadores.
Quanto ao actual contexto, o sindicalista diz que não sabe o que os espera, visto que a Covid-19 afectou gravemente a actividade dessa classe profissional.
Olhando também para transformações a nível dos outros países, Nuno Francisco referiu que a malha aeronáutica de Angola não foi estruturada, o suficiente, para que se possa viver em pleno o actual “novo normal”.
“Hoje a tendência vai ser os países voltarem para dentro, e nós, com o parque que temos, não sei se, nos próximos 10 anos, conseguimos fazer acontecer a aviação a nível interno. É um grande desafio, mas vamos todos lutar para conquistamos as aspirações”, observou.
Ainda assim, considerou que o ano de 2021 marcará o início de uma nova era para a classe, atendendo as iniciativas e projectos que juntamente com a AACTA pretendem apresentar, augurando apoio e colaboração dos seus parceiros.
A Associação Angolana de Controladores do Tráfego Aéreo (AACTA) conta com 131 membros, 105 dos quais concentrados na província de Luanda.