Saurimo – A reabilitação da Estrada Nacional 230 (EN-230), que liga Saurimo à capital do país, passando por Malanje, fez surgir mais operadoras de transportes privadas, na Lunda-Sul, e a consequente redução do preço da “corrida” inter-provincial.
Por João Wassamba, Jornalista da ANGOP
Numa ronda efectuada às diversas empresas transportadoras de passageiros e carga, em Saurimo, a ANGOP constatou um aumento considerável de candidatos a viagens para Luanda, via Malanje, para posteriormente prosseguirem para outros pontos do país.
Antes da reabilitação da EN-230, a Macon suspendia quase regularmente os seus serviços, devido às péssimas condições da via que provocavam a degradação dos seus autocarros e o agravamento dos custos operacionais com fortes reflexos nas tarifas praticadas.
Durante essa época, o custo das corridas inter-provinciais na rota Saurimo-Malanje-Luanda rondava em média os 25 mil kwanzas.
Hoje, para além das frequências da Macon e de outras transportadoras tradicionais, o negócio está a atrair novos intervenientes privados com recurso a mini-autocarros e veículos ligeiros de mais de cinco lugares que cobram de 15 mil a 20 mil kwanzas a corrida Saurimo/Luanda.
Para estes últimos, o mercado do Candembe, porta de entrada para o Leste do país, passou a ser o seu principal término, onde todos ficam concentrados à espera de passageiros ou para desembarque.
Segundo o responsável da nova operadora “Tuaheta”, João dos Santos, esta antes efectuava outras rotas que ofereciam melhores condições de trânsito, mas que, fruto das melhorias que a EN-230 apresenta hoje, acabou por se instalar, na Lunda-Sul, desde Novembro de 2023.
Neste momento, explicou, a Tuaheta dispõe de uma frota de 20 autocarros e cobra 17 mil kwanzas por viagem, incluindo almoço.
Desde Novembro de 2023, a empresa já transportou mil e dois passageiros, sendo 527 homens e 475 mulheres e mais de seis mil e 800 quilogramas de carga diversa, precisou.
Apontou a redução do tempo de viagem como outro benefício da reabilitação da EN230, passando de dois dias ou mais para sete horas.
“Partimos (de Saurimo) às 15:00 horas e chegamos a Luanda às 07:20 horas, quando antes fazíamos dois dias ou mais, porque os meios danificavam constantemente”, enfatizou.
O empresário avançou que, fruto da crescente demanda, a sua empresa prevê reforçar a frota com a aquisição, ainda este ano, de mais 15 autocarros e a contratação de 30 novos motoristas.
Por seu turno, a operadora inter-provincial MORVIC Express diz que, graças à reparação da EN-230, retomou os seus serviços na região, em Julho de 2023, depois de uma paralisação de três anos.
O responsável da empresa, Alberto Maria, explicou que a MORVIC Express actua na região, há mais de cinco anos, mas teve de interromper as suas operações, em 2020, pelo mau estado da via.
Com a retomada das operações, a empresa já transportou, até ao momento, 975 passageiros, desde Julho de 2023, ao preço de 16 mil kwanzas por pessoa, contra os anteriores 27 mil kwanzas.
A frota da empresa comporta actualmente quatro autocarros e 10 motoristas, disse.
Sugeriu que, depois da renovação do tapete asfáltico, as atenções agora devem ser viradas para o melhoramento da sinalização (horizontal e vertical) e da iluminação pública, bem como para a colocação de postos de abastecimento de combustíveis e serviços de saúde móveis, para situações de emergência durante a viagem.
População satisfeita
Rosa Miguel, comerciante, disse que as más condições da estrada serviam de pretexto para a alta de preços de algumas operadoras que chegavam a cobravar entre 30 mil e 35 mil kwanzas, alegando que o valor cobria também as despesas com a manutenção das viaturas.
Mas actualmente, disse, o trabalho levado a cabo pelo Executivo, com a colocação de novas pontes de betão, tapete asfáltico e sinalização, fez baixar o preço para 17 mil kwanzas, com direito a um “pequeno lanche”, assim como encurtou a viagem de dois para um dia apenas.
Rosa Miguel também corroborou que o Governo deve agora resolver o problema da iluminação pública ao longo da EN-230.
Argumentou que os automobilistas e os passageiros “correm muitos riscos”, à noite, com destaque para acidentes e obstáculos na via, tendo em conta o aumento da mobilidade e do fluxo da troca de mercadorias.
Sobre o assunto, alguns automobilistas acrescentaram à colocação de postos de abastecimento de combustíveis ao longo da EN-230 a questão do destacamento de unidades do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) para eventuais incidentes de incêndio.
Evolução da reparação da EN-230
A EN-230 é principal via que liga Luanda à cidade de Saurimo, capital provincial da Lunda-Sul, e as obras da sua reabilitação foram lançadas, em 2020, no quadro das políticas do Executivo para a recuperação e ampliação de infra-estruturas com impacto na vida das populações.
Num total de mil e 100 quilómetros de tráfego, a estrada está entre as vias colocadas ao serviço do crescimento e desenvolvimento da economia nacional, contribuindo na transportação de mercadorias entre Luanda e outras regiões do leste do país, com foco na baixa dos preços dos produtos da cesta básica e do transporte de passageiros.
Ficou orçada em 630 milhões de dólares americanos, disponibilizados pelo Executivo angolano, para a reabilitação e ampliação de mais 300 quilómetros dos cerca de 625 do troço Malanje/Saurimo, incluindo a construção de 10 pontes de betão para substituir as metálicas. JW/IZ