Ndalatando – Angola vai lançar um projecto para valorizar a rota turística do tráfico de escravos e juntar em festival angolanos e seus descententes na diáspora, informou, segunda-feira, em Massangano, o director do Instituto de Fomento Turístico, Afonso Vita.
O projecto, denominado, Reconstituição da Rota Turística de Escravos em Angola, vai integrar a província de Luanda, as localidades de Massangano (Cuanza Norte), Ambriz (Bengo) , Soyo até Mbanza Congo (Zaire), onde vai acontecer o festival (Dialaku Festival), para encontro e reencontro de angolanos e a sua diáspora.
Afonso Vita, que falava à imprensa a propósito da visita de membros da família Tucker, descendentes de um escravo angolano transportado para os Estados Unidos da América em 1619, informou que o projecto inicia brevemente e será anual ou bianual.
Esclareceu que a visita da família Tucker e amigos, 19 elementos, que se encontram em Angola para conhecer a sua origem, marca o prenuncio do projecto e será a realidade a partir de agora.
Considerou que com a visita desta família, pela terceira vez, começa uma nova página naquilo que é a valorização da história e identidade cultural de Angola.
O responsável ressaltou a necessidade de se melhorar os locais e vias de acesso às áreas turíscas, a criação de condições para oferecer maior comodidade aos turistas e rentabilização.
Em relacão à cidade do Dondo, também histórica, ressaltou a necessidade de dinamizar o transporte fluvial até Massangano, que considerou uma rota turística “fabulosa”.
O governador do Cuanza Norte, Pedro Mankita, considerou a visita dos Tucker como o reencontro da família angolana.
Referindo-se a possiveis investimentos, Pedro Mankita destacou a importância desta visita para o impulso do turismo na província e engradecimento do país e bem estar de todos os angolanos.
Em nome da família, Wanda Tucker, afirmou que os seus integrantes sentem-se originários, membros do reino do Ndongo e que fazem parte desta terra, por isso, devem continuar a aprender a sua história.
Explicou que a vinda da família em Angola tem dois sentidos, primeiro a esperança de que os descendentes dos escravos angolanos ainda estão vivos e vão continuar a trabalhar e aprender sobre a sua origem e segundo a tragédia que ocorreu com os seus ancestrais
Disse que vai continuar a incentivar a vinda de afro-americanos para Angola para conhecerem e aprenderem a história dos seus ancestrais que foram fortes, determinados e educados.
A visita da família Tucker faz parte do roteiro “Angola Heritage Tour”, que abrange as províncias de Luanda, Malanje e Cuanza Norte, com o objectivo de identificação de áreas de cooperação, nas terras dos seus ancestrais.
No Cuanza Norte, o grupo foi recebido em audiência pelo governador provincial e depois seguiu para a comuna de Massangano, para conhecer o local, sua história e reviver momentos do tráfico de escravo.
Massangano foi a primeira capital provisória de Angola, estabelecida por colonos portugueses.
Dentre as infra-estruturas existentes na circunscrição podemos encontrar a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, as ruínas da Praça dos Escravos, do antigo Tribunal Português, o Túmulo do capitão-mor Paulo Dias de Novais.
Os turistas visitaram a Praça dos Escravos, a Fortaleza de Massangano, Câmara Municipal e o Tribunal.
Esta é a terceira visita de membros da família Tucker a Angola, a primeira aconteceu 2019 e a segunda em 2021. Segundo os mentores do projecto as visitas poderão ser anuais.
Reza a história que o primeiro casal descendente da família Tucker chegou aos Estados Unidos da América em 1619, a bordo do barco White Lion (leão branco, em português), representando a presença dos primeiros africanos naquele país.
O casal teve o primeiro filho (William Tucker) em 1624, que foi o primeiro afro-americano registado e baptizado nos Estados Unidos da América.
Estima-se que existam 12 milhões de cidadãos norte-americanos de origem angolana.