Moçâmedes - O pesquisador Manuel Bandeira afirmou, hoje, em Moçâmedes, província do Namibe, que a população angolana possui ainda pouco conhecimento sobre o turismo escuro ou de guerra, devido a ausência de políticas e estratégias que definem o valor e a prática desta actividade.
Falando no encontro regional de Turismo, que congregou as províncias do Namibe, Huíla, Cunene, Cuando Cubango, Benguela e Luanda, disse que este segmento pode ser uma alternativa à obtenção de receitas e geração de emprego, aliado a outras modalidades de turismo.
Para melhor conhecimento deste tipo de turismo, o pesquisador aponta a necessidade da realização de estudos e referências bibliográficas que possa ajudar o conhecimento da temática, de modo a facilitar a sua inserção nos conteúdos programáticos da história e geografia, tendo em conta a necessidade da promoção dos valores ambientais, históricos e patrióticos.
Apontou como proposta para reactivação deste potencial, o registo de vários lugares onde ocorreram conflitos étnicos, armados de vários tipos, torturas, episódios relacionados com catástrofes ocorridas antes da colonização e depois da independência nacional, destacando como exemplo as grandes batalhas encabeçadas por Ngola Kiluanje, Njinga MBandi, Ekuikui II, Mandume e outros.
Falou também dos massacres da baixa de Kassanje (Malanje), assim como das grandes batalhas de Quifangondo, Cuito Cuanavale e Ebo.
No seu entender, a proposta surge como alternativa ao turismo sustentável, aberto às novas iniciativas de negócios visa a geração de empregos e renda, como instrumento de combate à fome e a pobreza nas comunidades locais que em tempos idos foram teatro de operações bélicas.
Disse ainda que o mundo regista, desde tempos remotos, momentos de grande convulsão política que se traduziram em momentos de guerra e que hoje precisam de ser divulgados e conhecidos.
Considerou o turismo escuro como sendo uma nova corrente do turismo comum, pois representa a dor e o sofrimento de pessoas que é motivo de atracção.