Benguela – Operadores da hotelaria, restauração e similares da província de Benguela solicitam ao Governo, a adopção de políticas de financiamento para o relançamento do sector no quinquénio 2023-2027, apurou a ANGOP.
A província de Benguela tem cerca de seis mil camas e 230 unidades de alojamento, dos quais 25 hotéis, dezenas de pensões, residenciais, guest houses, lodges e aldeamentos turísticos, assim como mais de mil restaurantes e similares.
O presidente da Associação dos Empresários do Ramo da Hotelaria e Turismo de Benguela, Jorge Gabriel, afirmou que os associados passam por um momento bastante crítico na região, pois enfrentam dificuldades no acesso ao crédito.
Jorge Gabriel admite que as pequenas e médias empresas do sector estão descapitalizadas e teme que este cenário se mantenha, porque o programa do Governo para o quinquénio 2023-2027 não clarifica apoios à rede hoteleira e turística.
Igualmente membro da Associação dos Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), o responsável sublinha a vontade dos agentes hoteleiros locais de contribuir na criação de empregos, caso houvesse financiamento dos seus projectos.
Reclamando de que a rede hoteleira não se pode desenvolver sem apoios financeiros, Jorge Gabriel lembra que em 48 anos de independência jamais houve uma linha de crédito especialmente para alavancar o sector em Benguela, que já deu mostras da sua capacidade em grandes eventos internacionais.
Deu a conhecer que os operadores deparam-se com dificuldades no acesso ao financiamento, por causa dos juros de 18 a 22 por cento, o que condiciona o fomento do turismo.
Perdão das multas
Por outro lado, também reclama da “mão pesada” da Administração Geral Tributária (AGT) sobre os operadores da hotelaria em Benguela, uma situação que tem desmotivado a classe e levado ao encerramento de algumas empresas.
Por isso, apela à flexibilidade da AGT de maneira a perdoar as multas dos pequenos e médios empresários que se encontram asfixiados.
A seu ver, o pequeno e médio operador que necessita de ir ao banco negociar um crédito não devia depender da declaração de não devedor da AGT, como está a acontecer.
“O problema são as multas pesadas e desenquadradas”, queixa-se Jorge Gabriel, defendendo que, sendo uma das classes que mais emprega, as unidades velhas precisam de renascer novamente, em vez de fechar as portas.
Além da falta de financiamento, o líder da Associação dos Hoteleiros diz que os operadores são constantemente penalizados com cortes de água, luz, segurança social pela inspecção do trabalho.
“Nesta fase, tem que haver um alívio, de forma que os operadores consigam andar”, sugeriu.
Calemas
Quem corrobora da opinião é Vanda de Almeida, operadora hoteleira que actua há dois anos no Lobito e que reclama do problema das calemas nas praias daquela cidade.
“Num dos meus hotéis no Lobito entrou muita água e o investimento foi abaixo e não sentimos nenhuma manifestação do Estado, mas continuamos a pagar imposto”, frisou.
Vanda de Almeida contou ter investido na construção de jangos e aumentado a capacidade do restaurante do seu hotel à beira-mar, mas tudo isso foi engolido pelas calemas, o que reduziu a faturação.
Dada a destruição dos porões, a fonte aponta para a necessidade de obras de manutenção, visando proteger os empreendimentos hoteleiros e turísticos erguidos na praia.
Ela também pede à Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) flexibilidade e reconhece que os cortes de energia podem motivar o fecho das empresas, perigando os postos de trabalho.
Governador garante construção de porões
As reclamações dos operadores da hoteleira e turismo foram apresentadas há dias num encontro que o governador provincial de Benguela, Luís Nunes, manteve com a classe empresarial.
A este propósito, o governador de Benguela garantiu que as obras de infra-estruturas integradas incluem a construção de porões na área marítima do Lobito e de Benguela, para salvaguardar o problema das calemas.
“Melhorando as condições das vias, também estamos a resolver o problema da energia e da água”, havia dito o governador, naquela altura.
Na ocasião, também tivera pedido à direcção da ENDE maior diálogo para com os operadores do sector da hotelaria, evitando situações que prejudiquem a manutenção dos empregos criados.
Sendo um dos melhores destinos turísticos do país, a província de Benguela recebe anualmente uma média de 28 mil turistas, entre nacionais e estrangeiros, a maioria portugueses e sul-africanos. Nos fins-de-semana prolongados, como o que acontece actualmente, a taxa de ocupação é de 100 por cento. JH/CRB